Traficante de órgãos será extraditado de presídio da Itália para o Cotel

Antônio Assis
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Júlia Montenegro
Folha-PE

A Polícia Federal de Pernambuco enviou a Roma, na última segunda-feira (28), dois policiais da Interpol para extraditar o ex-oficial do exército israelense Gedalia Tauber, de 78 anos, que era foragido da Operação Bisturi e foi preso, em junho de 2013, no aeroporto de Fiumicino, em Roma. O objetivo da PF é que o acusado cumpra pena de reclusão em um presídio pernambucano. Gedalia foi condenado a um pena de 11 anos e nove meses.
Gedalia foi preso por tráfico de órgãos emcontinuidade delitiva e formação de quadrilha. Em 2009, o idoso realizou uma viagem de 30 dias, mas desrespeitou as medidas e benefícios judiciais e não retornou ao país de origem. A prisão foi realizada quando os policiais italianos desconfiaram do passaporte de Gedalia. Os policiais fizeram uma pesquisa na base de dados da Interpol e descobriram que o ex-oficial era procurado em todo o mundo.
Os policiais retornam ao Recife com o preso às 13h30 do dia 2 de agosto. Gedalia será encaminhado ao Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna, onde ficará a disposição do juízo da 1ª Vara Regional de Execução Penal.
Entenda o caso

A Operação Bisturi teve a duração de nove meses. Ela começou em março de 2003 e foi concluída em dezembro do mesmo ano. O objetivo da operação era desarticular uma quadrilha de traficantes que retiravam órgãos de brasileiros. A quadrilha fazia o aliciamento de pessoas com baixa renda que moravam no Recife e em cidades do interior de Pernambuco. Na época, os criminosos retiravam os rins das vítimas e ofereciam o órgão aos pacientes de Israel, na África do Sul.
O intuito da quadrilha era aplicar um golpe no sistema de saúde, que indenizava cada cirurgia com U$ 150 mil dólares. As pessoas que faziam a cirurgia tinham que assinar uma declaração falsa afirmando que quem estava recebendo a doação do órgão era um parente. Após recebimento do dinheiro, a quadrilha pagava a vítima que se submetia a intervenção cirúrgica e dividia o restante com os integrantes da quadrilha. Ao todo, foram presas e condenadas 12 pessoas no Brasil (aliciadoras), duas pessoas em Israel (responsáveis pela fraude no Sistema de Saúde para realização das cirurgias) e 20 na África do Sul (médicos e enfermeiras que realizavam as cirurgias).
Durante as investigações foi detectada a ida de 47  pessoas para o Hospital Sant Agostini em Durban/África do Sul. As pessoas que eram levadas para retirada dos rins recebiam entre R$ 5 mil a R$ 30 mil. Estima-se que, aproximadamente, R$ 4 milhões de dólares foram desviados pela quadrilha nessas intervenções cirúrgicas.

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