247 – Diante das críticas de Roberto Amaral, ex-presidente
do PSB, seu sucessor Carlos Siqueira sai em defesa do “apoio programático” ao
PSDB de Aécio Neves. Segundo ele, a direção fora tomada já pelo então governador
de Pernambuco, Eduardo Campos, quando deixou o governo Dilma Rousseff ao “se
afastar de sua base social e de seus ideais políticos”. Leia:
A aproximação com o PSDB está amparada por diretrizes baseadas em sugestões
do PSB. Daí a decisão de apoiar a candidatura de Aécio Neves
Para que se
possa compreender as razões que levaram o Partido Socialista Brasileiro a optar
pelo apoio programático à candidatura de Aécio Neves é preciso partir de um
elemento de realidade. Esse elemento já estava posto quando o saudoso governador
Eduardo Campos decidiu protagonizar a luta pela mudança da qualidade da práxis
política: as realizações do PT de Lula não são as mesmas de Dilma Rousseff.
O diagnóstico não tinha por fundamento os nomes ou as habilidades de cada um.
Referia-se de forma direta ao fato apontado por vários teóricos da política,
segundo o qual há um envelhecimento de ideais, inerente à permanência no poder.
Esse processo de fadiga prática e teórica leva, não raro, à aristocratização de
lideranças que, na origem, eram comprometidas com as causas populares. Ou seja,
o PT que está no poder há 12 anos envelheceu e se afastou de sua base social e
de seus ideais políticos.
Impunha-se, portanto, como tarefa política, criar para os brasileiros uma
oportunidade concreta de alternância. Esse é um princípio básico do regime
democrático, ao qual nosso partido se engajou sem qualquer ambivalência já no
momento de sua fundação, em 1947.
Essa qualificação pode parecer estranha, mas é relevante no contexto de época
e também na atualidade, quando se tenta sacrificar um princípio do regime
democrático em nome de uma tentativa de apropriação das causas populares por uma
única agremiação partidária, neste caso o PT.
Ora, os que de fato são democratas não podem partilhar da ideia de uma
democracia condicional, ou seja, que só é boa quando as forças pelas quais
militam vencem.
A análise qualificada do cenário político exige deixar de lado o maniqueísmo
simplório, que, ao longo de toda a história, justificou os totalitarismos à
direita e à esquerda. Nesse sentido, o PSB se mantém fiel às suas tradições e
recusa as pechas que servem a um discurso que se aproxima dos malfadados ideais
do partido único.
Nota-se, em complemento, que a aproximação com o PSDB não é incondicional e
que está amparada por diretrizes programáticas baseadas em sugestões do PSB. Daí
a nossa firme decisão de apoiar de forma entusiástica a candidatura de Aécio
Neves à Presidência da República.
Quanto às questões que maculariam nossa coligação com o PSDB --favorecimento
do grande capital, renúncia à soberania nacional e aliança com o capital
financeiro internacional--, basta recordar que o petismo que chegou ao poder se
valeu de um quadro ligado à banca internacional e eleito deputado federal pelo
PSDB, Henrique Meirelles, para comandar o Banco Central. Sua política no BC
assegurou ganhos extraordinários às instituições financeiras nacionais e
internacionais.
O fato de o PSB não se ver na condição de proprietário da verdade lhe permite
entender que há uma possibilidade libertária. Isso quer dizer, na atual
conjuntura, desfazer o equívoco de que o futuro já tenha sido totalmente
inventado por um único sujeito político.
O futuro que vislumbramos guarda diferentes ordens de possibilidades e nos
orientamos em direção a ele tendo por farol nossos valores históricos e
democráticos, e não a adesão acrítica a ideais que não nos pertencem.
Eduardo Campos compreendeu que um ciclo hegemônico se esgotara e com ele o
dinamismo de nosso desenvolvimento econômico e social. O PSB, que sempre se
posicionou em prol das causas populares, teve a coragem de extrair de sua
leitura de conjuntura as devidas consequências políticas.
Precisamos recompor os fundamentos que permitirão melhorar a qualidade de
vida de nossa gente. Para isso, é preciso ter a ousadia da mudança!