Há cem anos, no Natal de 1914, o futebol ajudou a parar a Primeira Guerra Mundial

Antônio Assis
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Foto mostra soldados britânicos batendo uma pelada na época da Primeira Guerra Mundial. Em outros jogos, inimigos de guerra se enfrentaram em clima de paz
Imperial War Museum/Divulgação

Elias Roma Neto
JC Online

"A bola apareceu de algum lugar, não sei de onde, mas veio do lado deles – não do nosso lado. Eles (alemães) fizeram alguns gols, um rapaz foi para o gol e em seguida virou uma ‘pelada’ generalizada. Eu acho que havia uns duzentos (soldados) participando. Não havia juiz e placar, sem registro nenhum. Foi apenas uma ‘pelada’”. Essa frase foi dita pelo soldado britânico Ernie Williams, em 1938, em uma rede de televisão local, e descreve um dos eventos mais significativos da Primeira Guerra Mundial, travada em território europeu entre 1914 e 1918. Durante o Natal de 1914, o conflito viveu dias de cordialidade entre inimigos em várias frentes de batalha. Uma paz simbolizada pelo espírito natalino e pelo futebol. A chamada Trégua de Natal comemora agora cem anos, marcada para sempre na história mundial como um dos momentos em que a humanidade falou mais alto.

O relato de Williams foi um de vários registrados sobre partidas de futebol entre soldados adversários. De um lado da Primeira Guerra estava a Tríplice Entente (França, Rússia e Grã-Bretanha, além de outros aliados) e do outro as Potências Centrais (Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Bulgária). Em dezembro de 1914, os conflitos tinham pouco mais de quatro meses e a chegada do Natal amoleceu os corações. Segundo o National Football Museum (Museu Nacional do Futebol, da Inglaterra), dois terços da linha britânica se envolveu em alguma forma de trégua ou confraternização com alemães. Os atos foram divulgados na imprensa, como mostra a foto do tabloide Daily Mirror (na galeria). O local mais famoso foi Ypres, na fronteira da Bélgica com a França.

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