Estudo comprova que pessoas curiosas têm aprendizado acelerado

Antônio Assis
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Vilhena Soares
Correio Brasiliense


A curiosidade pode ser a chave do conhecimento, indica um estudo realizado recentemente por cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Ao analisar como o cérebro humano funciona ao ser aguçado por um tema desconhecido, os pesquisadores observaram que o aprendizado acabava favorecido. Nos testes, os voluntários que se sentiam instigados por algo novo demonstravam uma vontade maior de obter mais dados sobre o assunto e tinham mais facilidade tanto para compreendê-lo quanto para reter as informações recém-adquiridas. Os autores acreditam que o trabalho pode auxiliar no desenvolvimento de técnicas mais sofisticadas de ensino.

Na pesquisa, publicada na revista especializada Neuron, os autores realizavam uma série de perguntas sobre temas que poderiam despertar o interesse dos voluntários, que tinham seus cérebros monitorados por ressonância magnética funcional. As questões não visavam descobrir se os indivíduos sabiam as respostas, mas simplesmente instigar a curiosidade deles. Ao analisar a atividade cerebral dos participantes, notaram-se diferenças significativas na atividade de neurônios quando o tema abordado despertava o interesse da pessoa. Além disso, testes de memória mostraram que era mais fácil para os sujeitos recordarem informações que diziam respeito a esses temas.

Os responsáveis pela pesquisa explicam que, quando as pessoas estavam muito curiosas para saberem a resposta de uma pergunta, elas aprendiam mais rapidamente a nova informação. Porém, o que mais surpreendeu os cientistas foi notar que ter a curiosidade despertada ajudou a melhorar também o desempenho em atividades que não eram ligadas à primeira tarefa. Isso foi constatado porque os voluntários que se sentiram curiosos por algum dos temas acabaram se saindo melhor em testes de memória de reconhecimento facial.

“A curiosidade pode colocar o cérebro em um estado que lhe permite aprender e reter qualquer tipo de informação. Ele passa a funcionar como redemoinho que suga o que você está sendo motivado a aprender e também tudo ao redor”, afirmou, em um comunicado à imprensa, Matthias Gruber, coautor do estudo e professor da Universidade da Califórnia.

Prazer

A equipe norte-americana descobriu que a curiosidade motiva a aprendizagem por conta do aumento de atividade na área de recompensa do cérebro, que gera sensação de prazer nas pessoas e depende da dopamina — substância química que transmite mensagens entre os neurônios — para funcionar corretamente. “A curiosidade recruta o sistema de recompensa, e as interações entre esse sistema e o hipocampo parecem colocar o cérebro em um estado que deixa a pessoa mais propensa a aprender e a reter informações, mesmo que essa informação não seja de particular interesse ou importância”, detalhou Charan Ranganath, também autor do trabalho.

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