Deputado acusa Assembleia de omissão nos governos de Eduardo Campos

Antônio Assis
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Deputado do PSOL gerou polêmica ao acusar deputados de omissão
João Bita/Alepe

Ayrton Maciel
JC Online

Em discurso inesperado, nesta segunda-feira (2), o deputado oposicionista Edilson Silva (PSOL) acusou, na tribuna, a Assembleia Legislativa de omitir-se do seu papel fiscalizador nas duas gestões do ex-governador Eduardo Campos (PSB), imobilismo que atingiu – segundo apontou – muitos parlamentares que hoje estão na bancada de oposição. A acusação foi feita ao anunciar um pedido de informação, protocolado com 17 itens, ao governo do Estado sobre a Arena Pernambuco. O discurso constrangeu atuais companheiros de bancada e irritou governistas. “Muita gente que está na oposição sabia sobre esse contrato. Esta Casa, inicialmente, falhou em não fiscalizar. Isso não lhe dá o direito de não corrigir agora”, afirmou. 
Desconcertados, ex-oposicionistas que agora são governistas e atuais oposicionistas, que antes eram da base governista, silenciaram. A reação ficou com seguidores do ex-líder socialista que tacharam o deputado do PSOL de ter um discurso que “enfraquece” o Legislativo. 
O plenário acabou numa Torre de Babel. Primeiro a apartear, o presidente da Casa, Guilherme Uchoa (PDT), abdicou da presidência da sessão, para fazer a defesa corporativa do Poder e do ex-governador. “Esta Casa nunca foi omissa. O governo vai responder suas indagações. Nós já somos muito criticados. O pau quebra sempre no (Poder) mais fraco. A Casa sempre foi atuante. É preciso o senhor seja mais zeloso no que fala”, rebateu Uchoa.

Ex-vice líder de Eduardo na Alepe, o líder hoje da oposição, Sílvio Costa Filho (PTB), optou por se fazer de desentendido, reforçando as críticas à Arena e anunciando a criação de uma Comissão Especial para Discutir as Parcerias Público-Privadas (PPPs) dos governos do PSB. “Ninguém sabe quanto já custou e quanto ainda vai custar essa Arena”, disparou.
Ex-presidente da Casa e ex-conselheiro do Tribunal de Contas (TCE), indicado por Eduardo Campos, o petebista Romário Dias – que voltou ao Legislativo pela posição – condenou o excesso de comissões especiais e frentes parlamentares que a bancada tem proposto, mas ratificou a posição de “omissa” da Alepe nas duas últimas gestões. “O presidente Uchoa não precisava deixar a mesa para defender o governo. Bastava dizer que os 49 (deputados) eram do governo, do PFL ao PT. Na legislatura anterior, sempre disseram amém”. 
O líder do governo, Waldemar Borges (PSB), que chegou atrasado, evitou prolongar a polêmica e condenou Edilson pelo ataque ao Parlamento. “Na gestão passada havia debate. Hoje, muita gente diz ser contra, quando era a favor (da Arena). A base do governo reflete a vontade do povo. É preciso entender o papel do Parlamento na democracia”, lamentou Borges. “Peço que se coloque com mais cuidado para não desrespeitar este Poder”, protestou o novato Lucas Ramos (PSB).
Após a sessão, Edilson amenizou as críticas, mas manteve a acusação de omissão da Casa nas gestões de Eduardo: “Não estou criticando o Legislativo, mas sim as pessoas que aqui estavam e não fiscalizaram”.

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