Agrotóxicos proibidos: da feira popular à loja especializada

Antônio Assis
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Pimentão é considerado o item mais contaminado na mesa do brasileiro, segndo a Anvisa. Foto: Julio Jacobina/DP/DA Press

Diário de Pernambuco

O brasileiro consome mais agrotóxicos a cada ano. De acordo com o dossiê anual da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) no ano passado cada habitante ingeriu sete litros, em média - dois litros a mais que em 2013. Segundo especialistas, os produtores rurais se aproveitam da fiscalização insuficiente e utilizam o produto de forma exagerada.

A pedido do Diario, o laboratório de agrotóxicos e contaminantes Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) analisou duas amostras do alimento mais contaminado em 2014 de acordo com as pesquisas da Anvisa, o pimentão. 

Dez pimentões foram coletados em uma barraca na feira livre do bairro do Cordeiro, e outros 10 em uma loja especializada de frutas e verduras. Ambos apresentaram graves violações nos tipos de substâncias presentes.

Nos pimentões da feira livre, foram encontrados quatro agrotóxicos proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nos da loja, sete. As análises revelaram substâncias que podem males como dor de cabeça, convulsões, doenças de pele, problemas no fígado, infertilidade, malformações fetais e câncer. 

A Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro), órgão estadual responsável por fiscalizar a venda, aplicação e transporte conta com 68 fiscais para monitorar todo o estado, e oito para o Recife. 
Por limites financeiros, o órgão analisa apenas 15 amostras mensais de 12 alimentos diferentes recolhidos na Ceasa. 

A análise de cada amostra tem custo médio de R$ 250. Em casos de violações, o produtor é rastreado e autuado em multas de até R$ 5 mil. Caso não se pague ou não se adeque, a plantação do produtor pode ser destruída. Este ano, foram oito produtores autuados até maio.

Subnotificação
Segundo o DataSus, 34.147 intoxicações por agrotóxicos foram registradas entre 2007 e 2014 no país. É comum, no entanto, que as doenças não ocorram a curto prazo, o que dificulta a associação entre causa e os sintomas. São facilmente detectáveis apenas as intoxicações agudas nas lavouras. Por isso, a Organização Mundial de Saúde estima que, para caso notificado, haja 50 ignorados. 

Para Lia Giraldo, outro problema é a falta de capacitação dos médicos. “Não há disciplina de toxicologia nas faculdades. Nas consultas os pacientes não são perguntados sobre suas vidas ou trabalho. Dessa forma, não há como descobrir a razão do sintoma”, avaliou.

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