AI: ISRAEL COMETEU CRIMES DE GUERRA NA 'SEXTA NEGRA' EM GAZA

Antônio Assis
0
Opera Mundi - A AI (Anistia Internacional) denunciou nesta quarta-feira (29/07) que há provas de que Israel cometeu crimes de guerra durante um ataque para recuperar um soldado capturado por militantes palestinos durante o conflito na Faixa de Gaza, no ano passado. O episódio ficou conhecido como "sexta-feira negra" e resultou na morte de 135 civis, 75 deles crianças.

"Há provas contundentes de que as forças israelenses cometeram crimes de guerra durante o incessante e maciço bombardeio de áreas residenciais de Rafah para recuperar o tenente Hadar Goldin, com um surpreendente desprezo pelas vidas dos civis", declarou à AFP em Jerusalém Philip Luther, diretor para o Meio Ambiente e o Norte da África da organização.

"Este relatório é resultado de uma investigação de um ano na qual foram recopilados testemunhos e comparados com todos os tipos de evidências, inclusive imagens de satélite, fotos, vídeos, todos feitos no momento e no lugar e que nos permitiu identificar ataques individuais israelenses e analisar o que ocorreu", explicou à Agência Efe Deborah Hyams, investigadora para Israel e para os territórios palestinos no Secretariado Internacional da AI.

Em 1º de agosto de 2014 e após quase um mês do início da operação “Margem Protetora” que matou 2.200 palestinos e mais de 70 israelenses, o tenente Goldin foi capturado e no dia seguinte Tel Aviv o deu como morto. Atualmente, as autoridades israelenses estariam negociando com o Hamas para recuperar seu corpo em troca da libertação de presos.

Segundo Hyams, após ser divulgada a captura do soldado israelense Hadar Goldin, as forças do país lançaram ataques desproporcionais e indiscriminados no leste de Rafah, ao realizar “uma destruição em massa, atacaram ambulâncias e alvos muito perto do hospital principal e atacaram civis que estavam nas ruas fugindo".

Para a chancelaria israelense, o relatório da AI utiliza metodologias errôneas para analisar os fatos e extrai conclusões a partir de “pontos fracos”.

"Quando se lê o relatório, a impressão que dá é que o Exército israelense estava lutando contra ele mesmo, já que não há quase menção das ações militares do Hamas e de outras organizações terroristas palestinas. Em nenhum lugar a Anistia descreve a cruel estratégia destas organizações terroristas de realizar suas operações militares desde entornos civis e de disparar contra o Exército e a população civil israelense desde entornos civis", criticou o Ministério das Relações Exteriores em nota.

Por sua vez, a Anistia Internacional crê que as investigações realizadas pelo Exército israelense sobre suas operações não cumprem com as exigências internacionais de "independência, imparcialidade, efetividade em localizar os culpados, amplitude, prontidão e transparência" e exige uma investigação criminal internacional.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)