Apenas dois deputados pernambucanos pedem o afastamento de Eduardo Cunha

Antônio Assis
0
Cláudia Eloi

Dos 25 deputados da bancada de Pernambuco, apenas dois assinaram uma nota “em defesa da representação popular” que leva a assinatura de 35 deputados federais pedindo o afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), em função das denúncias de envolvimento do peeemdebista em esquema de corrupção e lavagem de dinheiro investigados pela Operação Lava-Jato. De Pernambuco, assinaram o documento Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Silvio Costa (PSC). 

Na avaliação de Jarbas, Cunha não tem qualquer condições de dirigir a Câmara dos Deputados. “As denúncias contra o presidente da Câmara são escabrosas. Eu li. É um documento de 80 laudas”, afirmou. Ao ser questionado sobre o motivo de os demais parlamentares de Pernambuco não subscreveram o manifesto, o peemedebista disse que pouco importa se foram 30 ou 40 assinaturas. “O que vale é a pressão estar aumentando. Foi dado o pontapé inicial. As denúncias vão se avolumar”, previu. 

Para o deputado Sílvio Costa (PSC), é preciso que haja pressão popular. “Fico estarrecido com o comportamento da oposição, que tem indignação seletiva. Em relação ao PT, se comporta como um animal feroz, mas em relação a outros atores, como Eduardo Cunha, age como um cordeirinho”, condenou. 

Contrário ao afastamento de Cunha, o deputado Jorge Corte Real (PTB) considerou precipitada a assinatura da nota. “É preciso ouvir a prova e a contraprova. Não houve sequer a defesa de Cunha”, justificou. 

Contrário ao afastamento do presidente da Câmara, o deputado Carlos Cadoca (PCdoB) não concorda com a assinatura do manifesto. “Acho que não está na hora. Não tem o contraditório estabelecido. Esse assunto vai ser discutido no pardido. Deve ser uma decisão partidária”, alegou.

Integrante do PSB, o deputado Tadeu Alencar também defendeu que a questão seja discutida internamente na bancada e que a decisão seja partidária. “Pessoalmente, considero que seria recomendável que o presidente se afastasse por iniciativa própria. Isso não implicaria em confissão, mas seria bom para ele exercer em plenitude a sua defesa. Isso merece uma decisão do partido.”

Em Brasília, Eduardo Cunha não quis comentar sobre o manifesto assinado por colegas de parlamento pedindo sua saída. Segundo o peemedebista, cada um tem o direito de fazer o que quiser.

Críticas a "pacto de silêncio"

Parlamentares do PSol acusaram ontem o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e seus aliados de terem “vedado” a discussão na Casa sobre a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF). “Criou-se um pacto espúrio de silêncio, inclusive de parte da maioria das lideranças, de omitir o assunto”, concluiu o líder da bancada, deputado Chico Alencar (RJ). O PSol acredita que Cunha cancelou a sessão de debates nesta quinta para evitar que outros parlamentares viessem à tribuna falar sobre a denúncia e pedir seu afastamento.

Ele cobrou uma explicação em plenário do peemedebista. “Está acontecendo há exatamente uma semana algo grave e inédito neste Parlamento. O procurador-geral apresentou uma denúncia robusta contra o presidente. De maneira inédita, um denunciado não se manifestou minimamente sobre isso no plenário e era obrigação elementar ir à tribuna na primeira vez após a denúncia”, disse Alencar.

O líder disse que o silêncio na Casa lembra o “silêncio da máfia”. “Parece que há um mar de cumplicidades e de temores”, afirmou. Alencar reclamou que Cunha virou as costas quando foi confrontado sobre a denúncia e questionou a viagem do peemedebista para os Estados Unidos. “Como se nada tivesse acontecendo, lá vai o presidente numa comitiva para representar o Parlamento brasileiro numa reunião nos Estados. Parece que deviam ir para a Disney, porque lá é um parque de diversões e um mundo encantado onde a vida real não chega”, provocou.

O PSol promete buscar o apoio de entidades civis para aumentar a pressão sobre Cunha e acabar com o “silêncio de cemitério”. “Eu chamaria o silêncio de silêncio ensurdecedor”, completou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Membro da CPI da Petrobras, Valente apresentou ontem um requerimento de acareação entre o doleiro Alberto Youssef e o operador do PMDB, Fernando Soares, mas, sem quórum, o requerimento não foi aprovado.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)