O batuque que nasce do silêncio

Antônio Assis
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Para tocar na banda os surdos são guiados por luzes e vibrações. Fotos: Brenda Alcântara/Esp DP/D.A.Press

Thaís Arruda
Diário de Pernambuco

Nas esquinas e bancos da Avenida Conde da Boa Vista, no Recife, um grupo de pessoas surdas se reunia para conversar. Pouco antes de 1985, o grupo ainda improvisava um espaço de convivência, sonhando com o dia em que poderiam ter um lugar próprio. E conseguiram. Há 30 anos era criada a A Associação de Surdos de Pernambuco (ASSPE), além das conversas eles aproveitaram o espaço para atividades culturais. Umas delas é uma espécie de xodó de quem não ouve, mas enxerga a música. A banda Batuqueiros do Silêncio, não faz apenas barulho, mas também realiza sonhos. 

O grupo musical trouxe uma nova maneira de mobilizar a comunidade surda. A iniciativa de trazer a música para surdos partiu de Irton Silva, 42 anos, mais conhecido como Batman. “O resto é silêncio”, curta metragem brasileiro que inspirou a criação de projetos de música para surdos recifenses, também foi essencial para a base do grupo de batuqueiros.

“Em abril de 2009, eu não sabia nada de libras, mas aceitei o desafio. Quando cheguei com a proposta de levar música para surdos, percebi uma reação negativa das pessoas e uma superproteção com quem é surdo. Após aulas de teoria musical fiz o teste com o metrônomo visual”, relatou Irton Silva.

O metrônomo visual é um aparelho de madeira semelhante a uma extensão elétrica que funciona com diversas lâmpadas. Cada lâmpada tem uma cor ou intensidade diferente, o que determina a intensidade da nota musical.

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