Sheila Borges lança livro sobre a reportagem feita por amadores

Antônio Assis
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Sheila Borges se aprofundou na história de seis personagens para entender o que faz alguém ser um repórter-amador
Heudes Régis/Divulgação

Diogo Guedes
JC Online

Desde os tempos de estágio, algo sempre fascinou a jornalista, professora e doutora em Sociologia Sheila Borges: ela sempre ficava curiosa ao falar com pessoas que procuravam repórteres para sugerir pautas ou opinar sobre eventos. “Nem sempre a recepção nas redações era como eles esperavam. Normalmente, suas contribuições ficavam restritas às seções de cartas e só eventualmente viravam pautas”, conta. Para a sua pesquisa de doutorado, ela achou que seria interessante tentar entender o que faz o leitor querer participar da produção da notícia. A tese virou o livro O Repórter-Amador, que será lançado neste domingo (30), às 15h, dentro da programação da Fenelivro, no Centro de Convenções.

O evento conta com um bate-papo sobre o tema com Sheila Borges, que foi repórter e colunista do Jornal do Commercio, Laurindo Ferreira, diretor de redação do JC, Juliano Domingues, professor de jornalismo da Unicap, e Amilcar Bezerra, professor de comunicação na UFPE. Na conversa, Sheila vai explicar um pouco como investigou as disposições que movem esses repórter-amadores – pessoas que chegaram até a criar blogs e mecanismos próprios para fazer circular suas notícias – a se engajarem na produção de notícias, mesmo sem formação profissional.

“Antes, eles tentavam se comunicar por cartas, ligações ou indo para a redação pessoalmente. Agora é mais fácil, existem as redes sociais, iniciativas como o ComuniQ, do JC”, analisa a professora da UFPE. Em O Repórter-Amador, ela se foca em pessoas que começaram a produzir os próprios conteúdos, em blogs ou rádios comunitárias. “Tento olhar o fenômeno através da sociologia da ação, que vai tentar entender como os processos de socialização levam a pessoa a querer participar de algo, como o jornalismo.”

Na tese, além de um debate teórico, ele comenta o caso de seis personagens, que falam sobre suas vidas e sobre como começaram a atuar como repórteres no tempo livre. “Eles têm em comum o fato de terem disposição para atuar em ações políticas, culturais, comunitárias ou religiosas”, destaca Sheila. “Além disso, mesmo quando suas sugestões viraram pautas e eles se transformavam em personagens, não ficavam satisfeitos, queriam ter um protagonismo que não teriam no jornalismo profissional”, comenta.

Esses apaixonados pelas notícias, no entanto, dão para ela uma contribuição importante para a diversificação do meio. “Algumas matérias desses blogs viram pautas na imprensa. É um pequeno abalo no mundo do jornalismo, que coloca novas questões e faz esse mundo se abrir mais para ouvir as pessoas de outros locais. O jornalista ainda tem o papel da mediação, que é fundamental, mas existem novas provocações”, afirma.

Uma das originalidades da pesquisa é o foco no que leva esses amadores a se envolverem na produção de notícias. “A sociologia da ação não é muito usada para se compreender o jornalismo. Eu não me foco, nessa obra, no conteúdo que é feito, mas pretendo estudar isso depois”, comenta. “Todo livro que parte de uma pesquisa é uma forma de dividir conhecimento. Na academia, tive a oportunidade de olhar profundamente para um aspecto da sociedade. Espero que o trabalho seja útil para pessoas, sejam elas do campo do jornalismo ou não”, finaliza a autora.

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