Cidadão Paulistense - Magno Martins

Antônio Assis
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Foi no último dia 31/09 quarta, o jornalista Magno Martins recebeu o título de Cidadão Paulistense no plenário da Câmara de Vereadores de Paulista, como também, lançou o seu livro Perto do Co

ração e autografando alguns exemplares, inclusive para o empresário Nena Cabral.

Abaixo, a íntegra do discurso de agradecimento do agora também cidadão paulistense:

Senhoras e senhores parlamentares,

Eu venho lá do Sertão, onde se acorda antes da aurora e de enxada na mão se bate forte na terra seca para garantir o pão. Lá, não há gente que cante melhor, quem melhor que a gente dança, seja xote, xaxado ou baião. Lá, a beleza é a claridade, de dia pelo sol forte, de noite pela lua apaixonante e reveladora do amor.

Venho de terra seca e de fome estampada em cada nome, seja José, João ou Maria. Venho do Sertão, onde o sol nasce primeiro, onde há brilho verdadeiro, uma beleza esplêndida, de horizontes infinitos, ventos de norte, de pobreza embaixo e em cima do chão.

Venho do Sertão, onde o canto é triste, mas se agradece a Deus todo dia pelo pão que chega à mesa. Venho do Sertão, banhado em literatura de cordel, onde se exalta até o sanguinário Lampião. Lá, a prosa é fácil, o dedilhar da viola é uma obra prima da natureza. Lá, a gente vive em oração pedindo chuva sem parar, para que se possa plantar e da terra puxar com a enxada o nosso manjar.

Venho do Sertão de abandono, preconceito e solidão. Terra de mulher rendeira, mulher guerreira. Mulher macho, sim senhor. Terra que no mapa tem forma de coração e que seu lamento virou canção. Terra de cabra da peste, cabra valente e forte, que foi entregue à própria sorte e sua arma é a enxada na mão.

Eu venho do meu Sertão, terra das noites enluaradas, luar que não há outro igual, o luar do meu lugar, da minha terra, o luar do meu Sertão. Venho do Sertão onde pobre mora no pé da serra. Seu luxo é um pote de barro, um cavalo e uma sela.

Eu sou da terra de Rogaciano Leite, onde, como ele disse com o seu doce lirismo, “as almas são todas de cantadores, sou do Pajeú das flores, tenho razão de cantar. Nosso canto não vem das praias nem de palácios de porcelana. Vem da roça, da cabana, rabiscado de pena solta, entre garranchos e espinhos”.

Retirante sertanejo, passo a incorporar, hoje, à minha alma e ao meu coração à paisagem do litoral, do mar do que já posso chamar de minha Paulista, que me adota, que me faz cidadão. Não um cidadão omisso e relapso, mas um cidadão, que mesmo antes de ser adotado, já assumia suas grandes lutas, já defendia seus mais altos interesses e seu povo com a pena do meu jornalismo cidadão.

Que honra para um pobre plebeu ter uma faixa litorânea correndo em seu sangue! Paulista, terra abençoada por Deus, de um mar de águas mornas e azuis e uma vasta área de coqueirais e casarios rústicos, colônias de pescadores, hotéis, bares e restaurantes que atraem tantos turistas, hoje é também minha pátria.

Minha nova pátria tem praias exuberantes, como Enseadinha, Janga, Pau Amarelo, Praia do Ó, Conceição e Maria Farinha. Decantada em prosa e versos, Maria Farinha, que agora também me pertence, tem um lado o mar e de outro o rio, o rio Timbó, com uma belíssima faixa oferecendo aos visitantes vários tipos de lazer náutico, além de agregar o maior parque náutico do País e belezas geográficas naturais.

A partir de hoje, não serei mais um forasteiro nem um turista quando pegar um barco ou um catamarã e sair por apreciando as belezas dos mangues, o Porto Artur, os Pocinhos Naturais e a Coroa do Avião. Terei a autoridade para me apresentar como filho desta amada e abençoada terra.

Aqui, tudo começou com o donatário Duarte Coelho, que doou ao seu cunhado Jerônimo de Albuquerque as terras de Paratibe como reconhecimento aos trabalhos prestados por ele a então colônia.

Cidadania, meu caro vereador Tonico Valpassos, é um sujeito da ação. Não basta estar na cidade, mas agir em favor da cidade. A rigor, cidadania não combina com omissões e é por isso mesmo que estou imbuído de todo e qualquer propósito de defender as mais nobres causas em favor dos nossos irmãos paulistenses.

Aqui, em 1550, Jerônimo fez a doação das terras ao português Gonçalves Mendes Leitão, que casara com sua filha. Mais tarde, se estabeleceram em um engenho d'água com o nome Paratibe, uma capela dedicada a Santo Antônio e um sobrado, tendo a partir daí o início do povoado.

Cinco após essas transformações foi fundado a freguesia. O auge do seu crescimento ocorreu em 1902, após a instalação da indústria de tecidos feita pelos Ludgren, os suecos que se estabeleceram por aqui. Durante as primeiras sete décadas do século XX Paulista foi uma cidade típica industrial, até a decadência do parque têxtil tradicional.

A partir dos anos 70, entretanto, um polo industrial moderno, instalado no distrito industrial de Paratibe, deu outra feição ao município. Virou um polo diversificado de prestação de serviços e indústria têxtil e química, sendo a sede do grupo Indústrias Reunidas Raymundo da Fonte.

Na área da educação, o município possui duas importantes instituições de ensino superior: a Fundação Joaquim Nabuco e a Faculdade de Saúde de Paulista, além de instituições de ensino técnico, como o Escola Técnica Senai e o SENAC. Com 14 km de faixa litorânea e uma das maiores reservas florestais do Estado, as praias e o turismo ecológico são os principais movimentadores do setor de turismo na cidade.

Rendo, neste momento de emoção e felicidade, minhas homenagens a todos que abraçaram e abraçam as bandeiras mais nobres e legítimas de nossa outrora cidade das chaminés ou capital dos eucaliptos. Abraço e recebo a minha Paulista, a namorada do sol, com a mesma emoção e amor que devoto ao meu Pajeú, à minha Afogados da Ingazeira.

O meu primeiro agradecimento vai para o Vereador Tonico Valpassos, que teve a iniciativa de propor meu nome para que eu recebesse o título de Cidadão Paulistense. Agradeço à Câmara Municipal de Paulista e indistintamente a todos os vereadores por terem aprovado meu nome.

Agradeço a presença de todos vocês. Sei que muitos tiveram que sacrificar seus compromissos para estar aqui hoje. Esta honraria que recebo tem muito mais valor, porque posso compartilhar este momento de conquista com todos vocês.

Sinto-me honrado e profundamente emocionado por receber este título. Considero este momento um dos mais importantes de minha vida.

Muito obrigado Paulista!

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