Estudantes permanecem acampados na UFPE sem acordo sobre estatuto

Antônio Assis
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Diário de Pernambuco

Três dias após ocuparem a reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), os estudantes decidiram ontem permanecer no local, apesar de um mandado de reintegração de posse já ter sido expedido pela Justiça Federal. Os manifestantes rejeitaram a proposta de acordo feita pela instituição. Foi a quarta tentativa de negociação e a UFPE já considera esgotadas outras possibilidades de consenso. Os estudantes exigem que o novo estatuto da universidade, aprovado pelo Congresso Estatuinte no mês de maio, seja homologado sem modificações. No entanto, a instituição afirma que a etapa de análise, revisão e prováveis alterações no texto original já estava aprovada pelo Conselho Universitário desde 2012.

Após passar o fim da tarde reunida com os estudantes, a pró-reitora da UFPE, Ana Cabral, participou de um encontro com os representantes do conselho. Depois da reunião, ela voltou à reitoria juntamente com Paulo Santana, assessor do reitor Anísio Brasileiro. Coube a Santana fazer o comunicado oficial. “O Conselho Universitário se reunirá no dia 28 de outubro, às 9h, para proceder a análise da proposta do estatuto elaborado pela comissão especial, conforme estabelece metodologia aprovada em novembro de 2012”, informou Santana.

Indignados, os estudantes, que escondiam os rostos com camisas, admitiram que desocupariam a reitoria ainda na noite de ontem caso a decisão fosse pela homologação. Eles também questionaram a decisão. “A metodologia de 2012 não foi aprovada pelo Congresso Estatuinte”, disse uma estudante que preferiu não se identificar. Ainda segundo ela, as modificações que serão realizadas atingem principalmente a participação dos servidores e estudantes nas decisões da universidade.

Ao Diario, Ana Cabral afirmou que o Conselho Universitário, responsável pela aprovação da metodologia, era formado por representantes de todas as categorias da universidade, incluindo os estudantes, e que eles já estavam cientes das etapas do processo. “Em maio, estava prevista uma assessoria jurídica e técnica durante os trabalhos. Mas os delegados dispensaram e decidiram que o documento final não poderia ser alterado”, disse. Na prática, isso fez com que os pontos a serem analisados pelo conselho antes da homologação oficial aumentassem. Segundo Ana, no texto original há pontos que contrariam normas da Lei de Diretrizes e Bases e do Conselho Nacional de Educação.

Cerca de 70% da segurança institucional permanecem na reitoria. De acordo com levantamento da Superintendência de Segurança Institucional (SIS), aproximadamente 140 estudantes já pularam o portão para entrar na reitoria desde a ocupação, o que acontece principalmente no horário da noite. As atividades realizadas pelos ocupantes dentro do local, porém, são desconhecidas desde que sete câmeras de segurança foram pichadas. A SIS informou que a energia da reitoria foi cortada para que o grupo não convidasse mais pessoas através das redes sociais para ocupar a reitoria.

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