Geraldo Julio retira projeto de nomeação direta de diretores de escolas

Antônio Assis
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Jamildo Melo, editor do Blog

O secretário de Educação do Recife, Jorge Vieira, revelou ao Blog de Jamildo, ainda há pouco, que o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), orientou a retirada do projeto de lei 42/2015 que trata da nomeação de diretores para as escolasmunicipais.

“Como estavam fazendo uso de inverdades, uso de má fé, fazendo uso político, a Prefeitura do Recife achou por bem retirar o projeto e ampliar as discussões. Não vamos recuar das mudanças, pois os diretores de escola são importante para a linha de gestão, eles são a linha de frente e fazem a diferença”, disse o secretário, sem citar o PSTU, que controla o Sindicato dos Professores Municipais (Simpere).

O secretário explicou que a possibilidade de mudança dos diretores de escolas municipais não tem por objetivo eliminar as eleições e só estão sendo propostas para oito escolas integrais e semi-integrais de um total de 232 escolas municipais.

“Para evitar o ruído, vamos ampliar o debate. Vamos mostrar às pessoas que não é um bicho de sete cabeças. Não acaba eleição coisa nenhuma”, acrescentou Vieira.

“A prova que não temos nada contra eleições dos diretores é que a legislação atualmente em vigor foi elaborado e apresentada pela atual gestão. O que a gente quer é profissionalizar a gestão no interesse da população. Antes, um diretor poderia ficar indefinidamente, agora só pode uma reeleição. Foi um avanço. Precisamos de outros avanços. Temos que tirar as pessoas (professores) da zona de conforto, não temos medo dessas forças contrárias (sindicato) que só querem manter o status quo”, afirmou.

Atualmente, um diretor de escola pode se eleger para um período de três anos, podendo ser reeleito para mais um mandato. Para ser afastado, precisa passar por sindicância, inquérito e só depois exoneração. Afastamento por desempenho ruim não é previsto. “O problema é que o Simpere (PSTU) tem como bandeira a baixa meritocracia. Eles são contra o mérito, não querem saber de medição de resultado e premiação por desempenho, por isso são contrários ao avanço deste projeto”, criticou o secretário.

“A população vai apoiar. Se um diretor não der certo, vai ser substituído, sim. É um instrumento a mais para os gestores municipais, é o mesmo modelo que fez o Estado elevar o Ideb da 27ª colocação para o 4º lugar em 2013. A partir dessas mudanças, quem quiser ser candidato a diretor de escola terá que fazer um curso de gestão e ter um plano aprovado pela Secretaria e depois pela comunidade”, alegou.

“O que precisamos fazer no Recife é uma revolução na educação, e não vamos fazer essa revolução se não pudermos cobrar resultados e premiar o desempenho. É um monitoramento que vai tirar as coisas do papel. Estas são as bases de um pacto pela educação, monitorando as escolas e seus indicadores”, explicou.

O secretário contou a atual situação das escolas municipais do Recife. “Para que se tenha uma ideia da bagunça que era a área de educação, só este ano, os professores souberam o conteúdo unificado a ser dado. Isto universaliza o currículo e possibilita monitorar o desempenho. O Simpere foi chamado a participar no início de 2014 e nunca apareceu. A gente sabe que essa mudança de costume incomoda, tem muita gente contra e muita gente que trabalha contra, mas as mudanças vão continuar, como a implantação do diário online para a frequência nas escolas e cumprimento do conteúdo da aula. Já é uma realidade em 100% da rede municipal. Atacamos mais essa deficiência de informação.”

Ele ainda disse que, ao lado dos investimentos nos problemas de infraestrutura, a cultura da meritocracia é uma diretriz que não vai mudar. “Era inaceitável que a gestão pedagógica não tivesse rumo. O reflexo disso é que estamos no Ideb entre os cinco piores do Brasil. Quem está feliz com isso?”, ressaltou.

De acordo com números da Secretaria de Educação, em melhoria física, já foram investidos R$ 134 milhões entre 2013 e 2014. “Nos 12 anos anteriores, de 2001 a 2012, foram R$ 102 milhões, já corrigidos pela inflação. Herdamos uma rede com problemas sérios. 260 unidades da rede passaram por intervenções, mas não se corrige tudo em três anos”, pontuou.

Na conta de uma das mudanças digna de nota, o secretário de Educação coloca a volta da avaliação por nota a partir do 3º ano do ensino fundamental. Todos os alunos fazem prova. “Os pais nos abordam e elogiam. Como obrigar os estudantes a estudar se eles não estavam fazendo prova e passavam de ano todos os anos?”, questionou.

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