Adversários históricos, Carlos Santana e Pedro Serafim se unem em Ipojuca

Antônio Assis
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Carlos Santana (PSDB) e Pedro Serafim (PDT) fazem campanhas juntos em Ipojuca

Foto: divulgação

Paulo Veras
JC Online

Durante 30 anos, o prefeito de Ipojuca, Carlos Santana (PSDB), e o ex-prefeito Pedro Serafim Filho foram adversários figadais. Contrariando o senso comum, porém, os dois se uniram na eleição deste ano, com as bênçãos do governador Paulo Câmara (PSB), que chega hoje a cidade para um comício em Nossa Senhora do Ó. No acordo, Santana abriu mão do PSB para ter na vice o deputado estadual Pedro Serafim Neto (PDT).

“Nós não éramos inimigos, éramos adversários”, minimiza o prefeito, que justifica a aliança pelo momento de crise e pelo crescimento do desemprego. “Esse ano, a crise foi tanta que a gente vai ter uma redução de receitas em torno de R$ 90 milhões” Há quatro anos, o tucano assumiu criticando duramente a herança recebida. “Estamos juntos em um processo para ajudar a gestão do prefeito. Vamos participar ativamente”, adianta Pedro Serafim Neto. “É maturidade política”, defende o novo vice.

Em Ipojuca, a eleição atual será uma espécie de revanche da disputa de 2012, quando o ex-vereador Romero Sales (PTB) perdeu por 215 votos. Principal candidato do grupo do senador Armando Monteiro Neto (PTB) na Região Metropolitana, Romero conseguiu a vitrine de ser o único prefeiturável de Pernambuco além de João Paulo (PT) a ter o ex-presidente Lula (PT) em um comício para pedir voto. Por articulação de Armando, o candidato Gaúcho, do PRB, abriu mão da candidatura já registrada para reforçar o palanque de Romero.

Maior PIB per capita de Pernambuco, Ipojuca é estratégica por sediar o Porto de Suape e parte do Complexo Portuário ligado a ele. Em 2012, a cidade era responsável por quase 10% de toda a riqueza gerada em Pernambuco e empregava 75 mil trabalhadores, numa população de 89 mil pessoas. A cidade, porém, tem problemas crônicos. Até 2015, apenas 15% do município tinha cobertura de saneamento básico.

Não por acaso, os candidatos têm focado o discurso em propostas para educação, qualificação profissional e geração de emprego e renda. Nos dois últimos anos, 40 mil postos de trabalho fecharam na cidade, segundo dados do Caged.

A disputa acirrada na cidade já foi marcada por pelo menos um episódio de violência. Há dez dias, a esposa de Romero Sales, Célia, foi atingida por uma pedra no final de um comício. Na época, Carlos Santana se solidarizou e repudiou qualquer manifestação de intolerância política.

Hoje, os registros dos dois candidatos aguardam recurso no TRE. O PTB pediu a impugnação da candidatura de Santana porque o TCE julgou irregular uma auditoria especial na prefeitura. Já Romero, responde ações por ter sido condenado pelo Tribunal de Justiça após ter viajado para Foz do Iguaçu com dinheiro da Câmara quando era vereador. Apesar dos recursos, os dois registros foram deferidos e ambos podem concorrer.

No início da semana passada, a equipe do prefeito também denunciou o adversário à Justiça após um vídeo em que o dono da Usina Ipojuca, Francisco Luiz Dubeux Dourado, afirma que os funcionários terão escrituras de terrenos se votarem no candidato. “No nosso plano de governo existe uma proposta de regularização fundiária. Eles querem criar problema”, rebate o petebista.

A eleição em Ipojuca

Carlos Santana (PSDB)

Vice: Pedro Serafim Neto (PDT)

Receita: R$ 318 mil

Gasto: R$ 411 mil (dos quais R$ 222,4 mil foram pagos)

Bens: R$ 2,4 milhões

EM 2012, se elegeu prefeito de Ipojuca. Disputa a reeleição

Romero Sales (PTB)

Vice: Leno (PTN)

Receita: R$ 99,4 mil

Gasto: R$ 36,8 mil

Bens: R$ 960 mil

Foi vereador de Ipojuca por cinco mandatos entre 1992 e 2012, quando concorreu a prefeito
A Prefeitura de Ipojuca

R$ 652,3 milhões foi a receita da prefeitura em 2015

2.807 servidores efetivos

2.142 comissionados

1.113 contratados

10 secretarias, 5 secretarias especiais e 3 órgãos públicos

Fontes: Tome Conta/TCE-PE e TRE-PE

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