Mais de 80 animais são devolvidos à Mata Atlântica no Recife

Antônio Assis
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Juliana Almeida
Folha-PE

Imagine viver num cubículo, onde mal pode esticar as pernas. Dali, não é possível sair nem convidar amigos. Comida e água são deixados à disposição, mas o instinto diz que falta mais. E, comparado a 157 hectares, qualquer casa é um cubículo. Foi nesse amplo espaço de mata atlântica secundária no Recife que 83 animais - a maioria pássaros - foram devolvidos. Uma raposa, um porco espinho e três répteis também se embrenharam na reserva, alguns mais rápidos, ávidos para voar ou correr nas matas, outros com a calma típica da cada um.
Da ameaçada espécie Tangara fastuosa, um pintor-verdadeiro, conhecido por suas penas de roxo forte e laranja vivo, foi solto. Com calma, parou num galho próximo e não se incomodou de ser fotografado. Depois correu os ares em busca dos seus. Ele é o símbolo do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), onde passou três meses de reabilitação para voltar à natureza.
    “Como essas aves chegam a passar grande tempo em gaiolas, o músculo das asas fica atrofiado; então, dispomos de um espaço seguro onde elas podem treinar o voo”, esclarece a bióloga Patrícia Tavares. O pintor, assim como outros animais, são reeducados a buscar comida e identificar predadores para poder voltar à natureza. O tempo médio para a recuperação desses animais é de seis meses.

    Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco
    Raposa estava entre os animais soltos
    “Prezamos tanto pela liberdade; é um mal negá-la a qualquer ser vivo”. Membro do conselho gestor da sociedade civil que contribui para as melhorias das reservas ecológicas, Araripe Serpa, de 90 anos, toma como dever cuidar da natureza. “É uma alegria muito grande poder devolver à natureza o que pertence a ela. O animal chega ferido, maltratado. E encontra o carinho dessa equipe. O ser humano recebeu o dom de poder cuidar da natureza, mas, muitas vezes, se esquece”.

    Embora seja um costume criar sabiás, louros e papagaios, nenhum desses animais é de ambiente doméstico. Iguanas, salamandras e outros répteis também não. Criar animais silvestres em casa é ilegal desde 1997. Apenas pessoas autorizadas pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), que cumprem os pré-requisitos, podem de fato ter um curió em casa. Hoje quem quiser dar um lar digno aos bichinhos poderá devolvê-los sem problemas ao centro da CPRH, na rua Santana, 367, Casa Forte. Quem tem dúvidas se pode ou não criar um bicho o telefone do local também está à disposição (3182-8800).

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