Marco de eleições, jingles perdem força em 2016

Antônio Assis
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De olho nas eleições de 2018, o ex-presidente Lula (PT) ressuscitou o jingle "Lula lá", da campanha de 1989, em passagem pelo Recife
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Paulo VerasJC Online
Responsáveis por embalar caminhadas e comícios e dar o tom a campanhas vencedoras, os jingles eleitorais perderam força em 2016. Seja pela mudança nas regras eleitorais ou pela pulverização das campanhas, tem sido difícil encontrar músicas capazes de marcar época como “Retrato do velho”, “Varre, vassourinha” e “Levanta a mão” simbolizaram as eleições de Getúlio Vargas (1950), Jânio Quadros (1960) e Fernando Henrique Cardoso (1994).
Para o compositor Lula Queiroga, no modelo de campanha atual deixou de ser necessário o candidato ter apenas um grande jingle simbólico. “A redução de tempo não deixou com que uma música de dois minutos, por exemplo, pudessem rolar no guia eleitoral. As campanhas também se pulverizaram, com as redes sociais”, lembra. “O tempo está muito disputado. Não tem comício, carro de som só pode botar baixinho. Mesmo assim, ficou caro para caramba. Tudo isso vai reduzindo a importância do jingle”, acrescenta o autor de dezenas de músicas eleitorais.
De olho na disputa presidencial de 2018, o ex-presidente Lula (PT) também já ressuscitou o histórico “Lula lá”, que vem desde a campanha de 1989, durante a passagem pelo Recife. Não há garantia de que um bom jingle consiga eleger seu candidato, mas a peça certamente contribui para torná-los conhecidos. José Maria Eymael, do PSDC, nunca chegou a ser presidente, mas dificilmente algum eleitor vai esquecer do “democrata cristão”.
Pernambuco também tem seus jingles simbólicos. “Arraes tá aí” virou um marco na história do ex-governador Miguel Arraes. Com “É Jarbas, Marco Maciel e Sérgio Guerra”, o então governador Jarbas Vasconcelos ajudou a eleger seus dois candidatos a senador em 2002.

Para o especialista em marketing eleitoral Carlos Manhanelli, presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos, a falta de dinheiro levou a queda de qualidade na produção dos jingles deste ano. “Não deram a devida importância ao jingle. Ele é uma peça publicitária multiuso, que você pode aplicar no rádio, na TV, nos comícios. E a função dele é ajudar a memorizar os candidatos e os números. E aí, em vez de contratar profissionais, contrataram amadores”, se queixa.
Um exemplo de jingle não muito bom é que o vem sendo usado na campanha da deputada federal Jandira Feghalli (PCdoB) à prefeitura do Rio de Janeiro, diz Manhanelli. A música, de quase três minutos, não cita em nenhum momento o nome de Jandira, seu partido ou o número que o eleitor pode usar para votar na comunista.

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