Movimentos culturais realizam ação pela reabertura do Cine Olinda

Antônio Assis
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Fran Palmeira
FolhaPE

Nesta sexta-feira (30), a partir das 18h, uma programação especial marca o ato #OcupeCineOlinda, no antigo cinema do bairro do Carmo. Enquanto a restauração do espaço não termina, o movimento pede a reabertura imediata do edifício para o público, um dos mais tradicionais cinemas de rua do Estado. Na programação da sexta está a exibição de curtas para crianças e adultos, um longa e um debate sobre a atual situação do equipamento cultural. O acesso ao evento é gratuito.
Desde sua desapropriação em 1979, o Cine Olinda tem passado por uma série de reformas, sendo que nenhuma delas foi concluída. Até o início deste ano o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Prefeitura de Olinda trabalharam para a entrega do cinema, mas ainda não há previsão de conclusão da obra. O espaço foi parcialmente reformado na estrutura, mas não dispõe dos equipamentos próprios para a exibição de filmes, como tela, cadeiras e equipamento de som e projeção.
Apesar desses obstáculos, o movimento #OcupeCineOlinda irá realizar a exibição dos filmes na parte interna do espaço. A programação completa do evento será divulgada nesta quarta-feira (28), mas a organização adianta que terá exibição de curtas infantis às 18h, curtas brasileiros às 19h e um longa-metragem às 21h30. Um debate com representantes de entidades envolvidas no funcionamento do cinema está programado para acontecer às 20h. Na pauta, uma discussão para tentar entender os motivos que impedem a reabertura do cinema e o que é preciso fazer para que ele seja entregue à população.
Esta é a quinta ação que o #OcupeCineOlinda faz no local com o objetivo de pressionar o poder público. A última foi realizada no mês de maio, quando foi lançado um manifesto pedindo uma explicação pública sobre as reformas do cinema. Na ocasião, uma exibição de filmes na área externa lotou o espaço e a organização coletou trezentas assinaturas para o abaixo-assinado que pedia a abertura imediata do equipamento cultural. Estão envolvidos no #OcupeCineOlinda produtores, diretores, pesquisadores e técnicos de cinema de Olinda e Recife.
Para um dos organizadores do evento, o crítico de cinema André Dib, a situação dos cinemas de rua de Recife e Olinda é muito delicada e as reformas se arrastam de forma “nebulosa”. “No Recife o Teatro do Parque está oficialmente abandonado pela prefeitura”, afirma. Ele aponta ainda a situação do outro cinema público de Olinda, o Cine Duarte Coelho, no bairro do Varadouro. “Em 2004 houve um evento no local, em que uma representante do Governo do Estado prometeu o cinema de volta e hoje suas condições são deploráveis. O Cine Olinda está reformado, tem estrutura; o Duarte Coelho se tornou uma ruína”, disse.
    O Cine Olinda é um patrimônio histórico, cultural e afetivo da cidade de Olinda, sendo ainda um dos últimos cinemas de rua que resistiram através dos séculos XX e XXI. Inaugurado em 1911 como CineTheatro de Variedades, o espaço ainda preserva a arquitetura em Art Déco, típica da fase pré-modernista dos anos 20. Localizado à beira mar, suas janelas altas fazem a ventilação natural do espaço, que dispõe de plateia com tela e palco ao fundo, moldura para a tela com reentrâncias, estruturas em ferro, hall de entrada e bilheterias, além de marquises na fachada frontal que se prolongam pelas laterais. Estas características foram encontradas em outros cinemas de rua do Recife e Olinda, o que aumenta a importância de se preservar esta sala.


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