Ao som de alfaias, Erasto Vasconcelos é sepultado em Olinda

Antônio Assis
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Cortejo passou por ruas do Sítio Histórico de Olinda até chegar ao Cemitério de Guadalupe, no bairro do Carmo Foto:Ashlley Melo/JC Imagem

JC Online

Foi sepultado, na tarde de ontem, no Cemitério de Guadalupe, em Olinda, o corpo do percussionista, cantor, compositor e arranjador pernambucano Erasto Vasconcelos. Ele morreu na noite da quinta-feira (27), aos 70 anos, após sofrer uma parada cardíaca. Diabético, Erasto Já havia sofrido um infarto no início de agosto e precisou se submeter a uma angioplastia. Com saúde frágil e problemas respiratórios, foi novamente internado no Hospital Miguel Arraes, em Paulista, onde faleceu.

O velório aconteceu pela manhã, no Mercado da Ribeira, bairro do Carmo, com a presença de familiares, amigos e artistas locais, entre os quais, o cineasta Claudio Assis, os artistas plásticos Paulinho e Iza do Amparo, a cantora Catarina Dee Jah e o maestro Forró. Apesar da perda, o clima foi de relembrar a importância da produção cultural do músico e histórias vividas por ele, que era irmão do também percussionista Naná Vasconcelos, falecido em março, aos 71 anos.

“A sensação que temos é que a família está indo embora, mas acho que gente nasce pra ser feliz e Erasto não merecia ficar sofrendo”, disse Cenilda de Holanda Vasconcelos, irmã de Erasto. De acordo com ela, a família ainda não conversou a respeito de ações para preservar a obra do músico. “É muito prematuro pensar em algo, mas sabemos que ele teve o cuidado de registrar tudo que fez na União Brasileira de Compositores e há parceiros que sabem dos desejos dele sobre as criações”, detalhou. Cenilda também comentou a paixão do irmão por Olinda, sua cidade natal.

“Era o seu ambiente, ele amava a cidade, dizia sempre que queria ser enterrado em Guadalupe e nós acatamos o desejo. Eu considero Guia de Olinda (gravada no álbum Original Olinda Style, em 2003, pela banda Eddie), um hino daqui também. Ele se foi cercado pelos amigos, de todo o cuidado que pudemos oferecer. Deixou uma obra maravilhosa, será sempre bem lembrado. Era um poeta”, relembrou ela.
Amigos próximos ao músico, Cláudio Assis e Paulo do Amaparo sintetizaram o luto pessoal. “A gente sabe que ele deixou músicas novas, algumas sem terminar, é uma perda muito grande, a morte de Naná já foi uma loucura, acho que ele sentiu muito a falta do irmão também. Pernambuco perdeu em um só ano dois caras incríveis”, afirmou Claudio.

Emocionado, Paulinho do Amparo evocou a eternidade da figura de Erasto. “Saudade pura. A obra dele vai ficar, muita coisa, felizmente, foi registrada, e ainda está inédita. Se vocês virem por aí um espírito de moleque bem gigante, assim, com uns 80 metros de altura, e bem brincalhão, avisem, que deve ser Erasto, e a gente ainda quer falar com ele”.
CORTEJO

Antes do fim do velório, foi feita uma oração coletiva, seguida por uma grande ciranda cantada e acompanhada por palmas ritmadas. Ao som de alfaias, o corpo de Erasto deixou o Mercado da Ribeira, por volta das 14h, num cortejo de maracatu que passou por algumas das principais ruas do Sítio Histórico até chegar ao cemitério, onde foi enterrado sob aplausos e gritos de “Viva, Erasto!”.


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