Senado gastou mais de R$ 400 mil com equipamentos para detectar grampos e escutas

Antônio Assis
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Delegados e policiais federais carregaram maletas com escutas, malotes e aparelhos apreendidos no Senado
Crédito: Jorge William / Agência O Globo

Felipe Igreja
CBN

O Senado Federal gastou mais de R$ 400 mil com a compra de equipamentos e o treinamento de policiais legislativos para atuar na área de contrainteligência da Casa e detectar grampos e escutas ambientais. Apenas com a compra de quatro maletas antigrampo, em 2015, foram gastos US$ 127 mil. Um registro mostra que o contrato do Senado com uma empresa norte-americana foi feito sem licitação. 

O equipamento é apontado como um dos sistemas mais modernos, com a capacidade de detectar rapidamente dispositivos eletrônicos transmissores escondidos. Ainda de acordo com o site de um vendedor, o sistema dispensa o uso de antenas e cabos extras. O equipamento pesa 4,4 kg, sendo fácil de ser transportado. 

Além da compra dos equipamentos, dois dos quatro policiais legislativos presos na operação da Polícia Federal desta sexta-feira viajaram para Atlanta, nos Estados Unidos, em outubro de 2015, para participar de um treinamento antiespionagem. Geraldo Oliveira e Antônio Santos passaram cerca de 20 dias com passagens e diárias pagas pelo Senado.

Os dois também foram a Curitiba, onde a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) possui residência, em julho deste ano, conforme indica a compra de passagens no portal do Senado. A suspeita é a de que eles tenham feito uma varredura em busca de grampos e escutas em equipamentos da senadora, com o objetivo de atrapalhar as investigações da Lava-jato. Gleisi confirma o pedido de varredura, mas nega qualquer irregularidade.

Para o senador Alvaro Dias (PV-PR), o episódio revela um uso indevido da polícia legislativa. Ele acredita que o Senado precisa rever a utilização destes servidores.

"É um desvio de finalidade flagrante. Em vez de defender a instituição, atende a interesses escusos de alguns. Há uma utilização indevida desse aparelho, e nós não compreendemos por que a necessidade de uma polícia própria do Senado Federal. Creio que no desdobramento, depois da invetsigações da Polícia Federal, é preciso que o Senado discuta a conveniência da polícia legislativa. Isso sem o prejuízo dos bons profissionais que lá estão", afirmou o parlamentar. 

A Polícia Federal suspeita ainda que os servidores da polícia legislativa tenham feito varredura em locais dos senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Fernando Collor de Melo (PTB-AL), além do ex-senador José Sarney.

A defesa de Lobão confirma o pedido de varredura, mas afirma que não houve nenhuma irregularidade no caso. Já o advogado de Sarney negou o pedido. O senador Fernando Collor disse que desconhece os fatos narrados.

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