Aposentados com regras generosas, Geddel e Padilha silenciam

Antônio Assis
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Ranier Bragon
Folha de São Paulo

O mês de novembro deve nos brindar com mais um exemplo dos usos e costumes que fazem a imagem dos políticos se assemelhar, esteticamente, ao popular pão que o Diabo amassou com o rabo.

Michel Temer prepara uma reforma da Previdência que exigirá mais tempo de serviço e mais contribuição dos brasileiros. Na linha de frente da defesa da proposta estarão o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o responsável pela articulação com o Congresso, Geddel Vieira Lima.

Além de serem colegas de Esplanada, os dois têm outro ponto em comum: se aposentaram por meio de um generosíssimo programa que, somado aos contracheques de ministros, lhes rendem supersalários de mais de R$ 50 mil todo mês.

Coisa de quase R$ 20 mil acima do maltratado teto do funcionalismo.

Padilha e Geddel são beneficiários do extinto Instituto de Previdência dos Congressistas e se amparam em um controverso entendimento do Tribunal de Contas da União, para o qual o IPC, apesar de ter tido todo seu rombo milionário absorvido pelos cofres públicos, era uma entidade de previdência privada.

O TCU é majoritariamente formado por ex-congressistas e tem também dois ministros com supersalários, José Múcio e Augusto Nardes.

A situação de Padilha e Geddel foi noticiada em outubro pelo jornal "O Estado de S. Paulo". A Folha informou depois que o PSOL questionaria no STF o valor acima do teto.

Nos dois casos as palavras escaparam aos falastrões Padilha e Geddel. O primeiro se limitou a dizer ao "Estado" que tinha 70 anos de idade. À Folhasaiu-se com um "nada a declarar sobre o tema". Geddel quedou-se mudo nas duas ocasiões.

A Folha perguntou ainda se eles se sentiam constrangidos ao terem uma situação pessoal gritantemente diversa da reforma que defendem. Nem um pio. Como nas clássicas transcrições policiais, nada mais foi dito nem nada mais lhes foi perguntado. Um silêncio assaz eloquente.

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