Em meio a ajuste, governo Temer gasta meio milhão com show de samba

Antônio Assis
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Neguinho da Beija Flor, um dos sambistas que irá se cerimônia da Ordem do Mérito Cultural

Daniel Carvalho 
Gustavo Uribe
Folha de São Paulo

Em meio à crise econômica e ao esforço para aprovar no Congresso um teto para limitar os gastos públicos, o governo Michel Temer desembolsou, sem licitação, mais de meio milhão de reais para promover um show para convidados em homenagem ao centenário do samba. O evento acontece na noite desta segunda-feira (7) no Palácio do Planalto.

No Diário Oficial da União desta segunda, foram publicadas duas dispensas de licitação para contratação de artistas que se apresentarão na cerimônia da Ordem do Mérito Cultural, na qual serão premiados 36 personalidades do samba.

O evento, que consta na agenda oficial do presidente Michel Temer, será fechado para convidados e terá apresentações de Neguinho da Beija Flor, Márcio Gomes, Áurea Martins e André Lara. A cantora Fafá de Belém foi contratada para cantar o Hino Nacional.

O Ministério da Cultura contratou por R$ 596.800 a empresa Treco Produções Artística Ltda, "representante exclusiva de artistas consagrados pela crítica especializada e/ou opinião pública". Segundo o ministério, a produtora prestará serviços de roteiro, direção, produção e promoverá apresentações musicais. No Diário Oficial não aparecem os nomes dos artistas contratados neste processo.

Já em um outro contrato, publicado na mesma edição do Diário Oficial, o governo informa o pagamento de R$ 15 mil para Fafá de Belém, que será responsável pela interpretação do Hino Nacional no início da cerimônia.

A pasta dá a mesma justificativa para as duas dispensas de licitação: "Contratação de artistas consagrados pela crítica especializada e/ou opinião pública".

O evento ocorre no momento em que parte da classe artística tem feito protestos contra o governo de Temer. Segundo a Folha apurou, há receio de auxiliares do presidente de que, durante a cerimônia, ocorram manifestações.

No ano passado, no governo de Dilma Rousseff, o Ministério da Cultura gastou R$ 1,1 milhão entre passagens e cachê para o mesmo evento, que teve show de Caetano Veloso. À época, a cerimônia serviu de palanque para a defesa do mandato da petista, que deixou o cargo neste ano, alvo de um processo de impeachment.

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