Moro e advogados de Lula batem boca em audiência

Antônio Assis
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Folha de S.Paulo – Estelita Hassa Carazzai

Começaram a ser ouvidas nesta segunda (21) as primeiras testemunhas da ação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Justiça Federal do Paraná. A audiência foi marcada por bate-bocas entre a defesa de Lula e o juiz Sergio Moro, que conduz o processo e tem sido acusado de parcialidade pelos advogados do ex-mandatário.

Um dos defensores, José Roberto Batochio, chegou a afirmar que "o juiz não é o dono do processo" e sugeriu que Moro queria "suprimir a defesa" com suas atitudes. "Eu imaginei que isso tivesse sido sepultado em 1945, e vejo que ressurge aqui, nesta região agrícola do nosso país", afirmou.

O juiz rebateu: "A defesa está tumultuando a audiência, levantando questão de ordem atrás de questão de ordem. É inapropriado".

Nos primeiros 30 minutos de audiência, enquanto o ex-senador Delcídio do Amaral era ouvido, os advogados do ex-presidente interromperam as perguntas por cinco vezes, argumentando que o Ministério Público tentava induzir a testemunha ao "colocar palavras na sua boca", ou pedindo que o político se abstivesse de opiniões pessoais.

O ex-parlamentar, preso pela Operação Lava Jato e atual delator, depôs como testemunha de acusação, e falava sobre o processo de indicação política e de arrecadação de propinas em diretorias da Petrobras.

Para ele, Lula tinha "conhecimento absoluto de todos os interesses que rodeavam a gestão" da estatal.

Moro acolheu algumas das colocações e pediu que o Ministério Público refizesse as questões. Mas, diante da insistência, acabou encerrando o debate. Para o juiz, as perguntas sobre o processo de indicação dos diretores da Petrobras eram "uma questão de contexto".

"Mas qual é o contexto? Só existe na cabeça de vossa excelência. O contexto, para nós, é a denúncia", afirmou o advogado Juarez Cirino.

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