Atos pelo país criticam Renan e Maia e defendem Sérgio Moro e a Lava Jato

Antônio Assis
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Protestos a favor da Lava JatoFoto: Agência Brasil

Folhapress

Protestos realizados neste domingo (4) em todo o país criticam o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e defendem o juiz Sergio Moro e a operação Lava Jato.

Há atos já realizados em ao menos oito Estados -São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Pará e Amazonas-, além do Distrito Federal.
Os manifestantes têm protestado contra decisões tomadas pelo Congresso na última semana, que consideram contrárias ao combate à corrupção, principalmente as mudanças no projeto de lei de iniciativa popular das Dez Medidas Contra a Corrupção.

Em Brasília, manifestantes jogaram no lago em frente ao Congresso Nacional ratos de brinquedos e desenhos do animal em protesto contra os parlamentares.
Convocados pelo movimento Vem Pra Rua, eles protestaram contra a proposta de aprovar um projeto contra abuso de autoridade no judiciário, além das mudanças no pacote anticorrupção.

Renan Calheiros teve seu nome escrito no desenho de um rato com o rabo preso a uma ratoeira denominada Lava Jato.

De acordo com a PM-DF, cerca de 5.000 pessoas participavam do protesto até 11h15. Pouco depois, começou a chover, o que dispersou a maioria dos manifestantes. De acordo com os organizadores, 30 mil pessoas foram ao protesto.

Juliana Dias, coordenadora da manifestação em Brasília, diz que o protesto ganhou peso após a decisão do Congresso da semana passada que desfigurou o projeto de dez medidas contra a corrupção, proposto pelo Ministério Público e que obteve 2 milhões de assinaturas, tornando-se iniciativa popular.

Segundo ela, os movimentos vão lutar para que o pacote de medidas seja aprovado como estava o projeto final do relator, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que retirou alguns pontos da proposta, mas manteve o essencial. Na votação em plenário, só dois itens do pacote foram mantidos.

"Vamos trabalhar para que o Congresso não aprove as 10 medidas como estão e o projeto de abuso de autoridade", afirmou Dias.

Pacífico
Os manifestantes ressaltavam a todo momento que os protestos eram pacíficos, em oposição às manifestações convocadas por sindicatos e parte do movimento estudantil que ocorreram no início da semana contra a PEC do teto de gastos, quando houve depredação da Esplanada dos Ministérios, com policiais e manifestantes feridos.

Durante o protesto, foi respeitado um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do voo da Chapecoense.

Além das manifestações contra a corrupção, parte dos protestantes também criticam a decisão do STF de não criminalizar o aborto até o terceiro mês de gestação.

O público presente à Esplanada era majoritariamente de pessoas de classe média, dizendo-se revoltadas contra a corrupção e contra os políticos.

Com uma bandeira do Brasil nas mãos com a inscrição feita de fita colante da palavra "pega ladrão", a adolescente Sofia Vale, 13 anos, diz que os políticos só priorizam eles e não pensam nas pessoas pobres.

Perguntada se vai votar quando fizer 16 anos, ela faz uma cara feia e responde que não.

"Eu vou ter que votar a vida toda?", pergunta a jovem desanimada para depois completar. "Se tiver eu vou votar, vou votar no que é o certo".

Aos 77 anos, o aposentado Paulo Souza foi de muletas e cadeira de rodas para o protesto. Amputado de uma perna, ele olhava sentado para o Congresso. 

Perguntado porque havia comparecido, disse que era sua "obrigação protestar contra corruptos" e mostrava um cartaz pedindo para os militares fecharem o Congresso.

"Meu voto vai ser sempre nulo", disse o aposentado.

Por volta do meio-dia, os organizadores distribuíram os ratos de plástico enquanto os ativistas seguiam em direção ao lago em frente ao Congresso ao som de "O Tempo Não Para", sucesso de Cazuza da década de 1980. Além do adequado refrão para o momento, "A Tua Piscina Tá Cheia de Ratos", a música também lembra que o futuro repetia o passado.

Rio
Também no Rio, milhares de manifestantes se reuniram em Copacabana, na zona sul, em protesto em defesa das "Dez medidas contra a corrupção".

Além de Renan, outro alvo de críticas foi o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM).

"O Congresso aproveitou nossa dor para empurrar goela abaixo medidas contra a população, que estava com dor", afirmou Adriana Baltazar, coordenadora do Vem Pra Rua no Rio.

Diversas faixas atacavam o PT, o ex-presidente Lula e a descriminalização do aborto. Muitos seguravam cartazes em apoio ao juiz Sérgio Moro. O magistrado também foi representado em pequenos bonecos infláveis, vendidos a R$ 10 por ambulantes.

"Ninguém tem bandido de estimação. Vamos gritar 'Fora' contra qualquer um que for contra a Lava Jato. A gente vai tirar quem tiver que tirar, quantos a gente tiver que tirar. Vamos estar nas ruas até termos alguém no poder que respeite a lei", afirmou um manifestante no carro de som.

O grupo se concentrou no carro de som do movimento Vem Pra Rua. Não havia nenhum político no alto do veículo, onde estava o procurador Cláudio Henrique Viana, candidato a procurador-geral de Justiça.

O humorista Marcelo Madureira discursou. "Queremos a cabeça do Renan Calheiros", disse.

Ele também criticou a empreiteira Odebrecht, que publicou anúncio pedindo desculpas pelas práticas de corrupção. "Nós não aceitamos o pedido de desculpa. Ninguém aqui é refém da família Odebrecht", afirmou.

Havia outros dois carros de som com um público bem menor. Um reunia o grupo que defende a intervenção militar. Estes levaram para a orla um enorme boneco inflável com o nome de guerra "Mourão". O nome é uma referência ao general Antonio Hamilton Martins Mourão, que era do comando Militar do Sul e foi demitido pelo Comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, em 2015.

Outro carro de som reunia as pessoas que defendem o retorno da monarquia.

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