O que vem por aí

Antônio Assis
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Vera Magalhães
Estadão

O governo respirou aliviado com o saldo das manifestações em todo o País: foco no Congresso, em geral, e em Renan Calheiros, em particular, apoio à Lava Jato e nada de coro de “fora, Temer”. Mas não há otimismo no Executivo com o que está por vir na política e na economia.

A expectativa é de que a delação de mais de 70 pessoas ligadas à Odebrecht implique ao menos sete ministros de Michel Temer. Sabe-se, ainda, que o próprio presidente será citado nas delações de Marcelo Odebrecht e de mais ao menos dois executivos da empreiteira, por doações eleitorais negociadas diretamente por ele.

No front econômico, a fritura de Henrique Meirelles, na qual Temer tentou jogar água no fim de semana, não deve cessar. Chamada de “devaneio irresponsável” por um auxiliar do presidente, ela parte do PSDB e de setores do PMDB que veem na demora de melhora dos indicadores econômicos risco real para Temer concluir o mandato-tampão.

O expectativa é de que o envio (finalmente) da reforma da Previdência reforce Meirelles, que, diante de um Eliseu Padilha (Casa Civil) acuado, vai protagonizar sozinho os debates e as explicações sobre a proposta.

Temer já conhece os nomes que devem aparecer na “delação das delações”. Há quem aconselhe uma ação profilática, com o afastamento de ministros antes da homologação dos acordos. Mas a tendência do presidente é agir como tem feito em casos semelhantes: aguardar o auxiliar se enforcar, para só então descartá-lo. O problema é que, a depender do estrago no coração do governo, não haverá biombo do Congresso que impeça que as ruas se voltem na sua direção.

Janot se manifesta contra devolução de maletas. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deu parecer contrário ao pedido do Senado para que sejam devolvidas as maletas antigrampo apreendidas na Operação Métis, que está suspensa pelo STF. Para Janot, elas devem ficar retidas até o julgamento do mérito. O Senado alega “grave risco de prejuízo à segurança pública e institucional” caso vaze o conteúdo das maletas.

Após derrota, Renan reclamou de Jucá. Um irritado Renan Calheiros (PMDB-AL) compareceu ao jantar de fim de ano na casa do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), na quarta-feira, logo após a fragorosa derrota que sofreu na tentativa de votar às pressas o pacote anticorrupção desfigurado pela Câmara. Ele criticava o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), que deixou o plenário e não votou a favor da urgência.

Movimento por eleições em 2017 ganha corpo. Antes restrito aos apoiadores de Dilma Rousseff, que usavam a ideia como uma tentativa de tentar evitar o impeachment da ex-presidente, o movimento para que seja votada uma Proposta de Emenda à Constituição estabelecendo eleições diretas em 2017 ganha adesões até na base aliada de Temer. Senadores começam a ver sinais de que o peemedebista não conseguirá concluir o mandato e avaliam que, nesse caso, a sociedade não aceitará eleições indiretas, como prevê a Constituição.

Defensores da proposta se reúnem nesta semana. Um “bate-papo amplo” sobre a matéria deverá reunir senadores de vários partidos ainda nesta semana, diz um dos articuladores do movimento, que tem simpatizantes até mesmo no PSDB e no PMDB de Temer. Há várias propostas de PEC apresentadas, mas a ideia é unificar a ação em torno de apenas uma caso se confirme o desgaste do presidente.

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