"Estava perdendo tempo ao não mostrar", diz recifense que faz campanha para comprar próteses

Antônio Assis
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 Folha-PE

Os sonhos da servidora pública recifense Rita Menelau, de 34 anos, estão entre os mais prosaicos: caminhar até a padaria da esquina ou levar sozinha os filhos Pedro, de 3 anos, e João Gabriel, de 6, ao parque ou ao shopping. Ocorre que Rita teve as duas pernas amputadas quando tinha um ano de idade e as próteses que usa hoje, fornecidas pelo governo, são antiquadas e causam enorme desconforto. Encorajada por amigos, decidiu lançar uma campanha de arrecadação usando as redes sociais.

O post de Rita foi ao ar na sexta-feira (6) e neste sábado (7) já contava com mais de 300 compartilhamentos. Nele, Rita explica que vive um momento de "Superiência", que foi como chamou a mistura de superação com resiliência. E pede que as pessoas façam doações para viabilizar a compra da prótese biônica, que custa R$ 150 mil. Nas primeiras 24 horas, arrecadou pouco mais de R$ 2 mil. "Tenho certeza que vou conseguir. Tenho recebido muita mensagem de apoio", afirma. 

Rita é, há seis anos, servidora do Tribunal de Justiça de Pernambuco. Articulada, conseguiu conquistar o direito de trabalhar em sistema de home office há um ano, junto com outros dois servidores que têm deficiência. Ela perdeu as duas pernas depois de um incêndio causado acidentalmente pela babá em seu quarto. Rita chegou a começar a cursar Direito na universidade, mas precisou desistir do curso. 

Separada, mora com os filhos, a mãe e uma irmã mais nova. E tem boa dose de autonomia para tocar a vida. Faz as tarefas domésticas sentada em uma cadeira de rodas ou uma espécie de skate porque, mesmo usando próteses, não consegue passar muito tempo de pé devido às dores que sente. "Sempre usei próteses fornecidas pela rede pública, que têm qualidade e durabilidade inferiores. Custam em torno de R$ 8 mil e a gente precisa trocar todo ano. Essas que quero comprar têm durabilidade muito maior", relata. Na infância e adolescência era ainda mais complexo: precisava fazer duas cirurgias e trocar as próteses todo ano, para ir adequando ao crescimento.

Motivação no WhatsApp
A coragem para lançar a campanha veio do WhatsApp. Meses atrás ela entrou, a convite de um colega de trabalho, em um grupo formado por aproximadamente 60 amputados de todo o Brasil. Um fisioterapeuta do Recife, que fez próteses para vários integrantes do grupo, também faz parte da iniciativa.

"No começo fiquei só observando. Vi que não pertencia a esse mundo dos deficientes, não estava ambientada. Não por falta de interesse, mas de oportunidade. Acho que com as paralimpíadas virou moda mostrar as próteses. Me vi no meio de muitas pessoas que passam pelas mesmas dificuldades e limitações. Quem não é deficiente diz 'entendo', mas não sabe exatamente pelo que passamos", afirma. 

As primeiras fotos
A campanha também representa um marco para Rita: foi a primeira vez que ela postou foto nas redes sociais mostrando as próteses. "Vi que estava perdendo tempo ao não mostrar. Eu até procurei por aqui alguma foto antiga e não tenho nenhuma", revela. Ela mesma fez algumas 'selfies' e a mãe tirou outras fotos. A repercussão nas redes sociais só aumenta a confiança da servidora pública. "Cada compartilhamento eu curto, respondo, agradeço. Não consigo parar!", diz, animada.

A prótese desejada por Rita é de alta performance e inclui um joelho computadorizado capaz de poupar músculos e ossos dela, já bastante cansados. Ao usar por algumas horas a prótese ela fica bastante machucada e precisa de um dia para se recuperar. "Tenho andado com curativo porque tem me machucado muito", conta. O produto deve ser adquirido no Recife mesmo.

Para ajudar Rita, é só fazer um depósito na conta dela ou da mãe dela, Telma:

Banco Santander
Agência 3749 
C/C 01.059836-1
CPF: 009.155.014.90
Rita de Cássia Menelau Pedrosa da Silva

Banco do Brasil
Agência: 2988-2
C/C 34602-0
Telma Maria Menelau
CPF: 191.550.504-68

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