A reinvenção do couro

Antônio Assis
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Ornamentos de couro são mais que tradicionais no Nordeste

Foto: Felipe Ribeiro

Tatiana Ferreira
Folha de Pernambuco

Cantadores e compositores sertanejos, mesmo em ‘sertões brabos’ do Nordeste, conseguem transformar a terra rachada e o gado sedento em poesia. Não diferente, artesãos do couro lutam contra a recessão do setor para sobreviver e ainda manter respirando a tradição nordestina.
A saga desses artistas começa desde a diminuição nas vendas, passa pela falta de incentivo à produção e exportação dos produtos e vai até os desafios de reinventar a própria criação para continuar no mercado. Embora a produção de artigos de couro esteja estagnada no Brasil há duros 40 anos, para esses homens e mulheres, a bravura é um estado de espírito e resistência.

Embora a indústria curtidora registre cerca de US$ 3,5 bilhões de faturamento por ano e gere 40 mil empregos no País, atendendo inclusive a forte indústria calçadista nacional - composta por mais de 600 empresas, somente 12,5% dos calçados produzidos utilizam couro, segundo o Sindicato do Couro de Pernambuco (Sindicouro-PE).

Isso porque a preferência tem sido pelo material sintético, que é mais barato (aproximadamente metade do valor) e tem menos perdas, por não possuírem as falhas do material natural. Há também uma forte tendência mundial de cunho ecológico, pela redução do uso de peles.
Por outro lado, o segmento é fortalecido pela indústria de estofamento de veículos. “Em torno de 70% dos couros brasileiros são consumidos por esse segmento”, estima o presidente do Sindicouro-PE, Murilo Mendes.Mas, longe das grandes indústrias de carros, o artista Lucas Cordeiro, do município de Belo Jardim, Agreste de Pernambuco, vê a sua atividade se extinguir aos poucos. Aos 60 anos, 45 deles dedicados à confeçção artesanal de calçados de couro, ele lamenta ter visto suas vendas caírem cerca de 70% no ano passado, se comparadas as de 2015.

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