Ignácio Loyola Brandão conta a história do Grupo Cornélio Brennand

Antônio Assis
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A Casa de Ferro, um dos símbolos do grupo
Fred Jordão/Divulgação

JC Online

Uma ligação, vinda do Recife, despertou a curiosidade do escritor Ignácio Loyola Brandão. Era um convite – como tantos que Ignácio recebe para escrever por encomenda – para contar a história de 100 anos do grupo Cornélio Brennand. Como já tinha ouvido falar da família, o autor do clássico Zero aceitou estudar a proposta. Logo recebeu um vasto material de pesquisa feito por Teresinha Melo. No entanto, foi só quando veio ao Recife para conhecer Cornélio e a família que o escritor bateu o martelo: no sobrado da Várzea do Capibaribe conheceu cada um deles servido com comidas típicas e uma de suas grandes paixões, o suco de pitanga.

Escrito por Ignácio, o livro Grupo Cornélio Brennand: Os Primeiros 100 Anos repassa a trajetória, em uma edição rica de imagens, do grupo fundado em 1917 por Ricardo Lacerda de Almeida Brennand. É uma narrativa antes de tudo empresarial, que destaca as grandes transformações que a família passou, de empreendimento do açúcar, às olarias, porcelanas, azulejos, vidros, siderurgia, cimento e energia elétrica.

“Eu só quis ler o material e os depoimentos do acervo depois de conhecer as pessoas – não queria ter uma ideia pronta delas. Queria saber como cada um é fisicamente, como fala, como são seus gestos. São personagens que eu não preciso inventar, que estão já prontos, então me cabe reproduzir fielmente o que aconteceu”, conta Ignácio.
DISCRETO

Um dos pedidos de Cornélio – conhecido por sua discrição – era um livro que não mergulhasse desnecessariamente na intimidade da família. “Busquei seguir isso, mas, em algum momento, aparecem pedaços de histórias mais pessoais. Acho que conseguir dar ao livro um ritmo de romance”, conta Ignácio, que passou três anos elaborando a obra. Segundo o escritor, Cornélio é uma pessoa até menos fechada do que ele. “Aos poucos, fomos conquistando uns aos outros. Hoje considero que somos amigos”, explica. 

“Duas coisas me interessaram na história do grupo. Primeiro, o fato de ser um empreendimento que continua, depois de 100 anos, nas mãos da mesma família. Depois, a filosofia que seguiam, tirada do velho Ricardo: quando algo não está dando certo, eles simplesmente acabam. Não vão manter por tradição ou coisa assim. Nunca tiveram medo de acabar um negócio e inventar outros, se preciso”, sintetiza Ignácio.

Outra história interessante para ele é a da compra da Praia do Paiva. O objetivo era explorar a argila de um pedaço da terra, mas o preço pedido era exorbitante. Ricardo decidiu comprar mesmo assim – acreditava que o Recife cresceria para aquele lado e os 8 km de praia seriam um grande investimento, o que realmente aconteceu. Outro ponto que Ignácio destaca é a atualização do grupo, que agora tem mulheres dentro do seu conselho familiar. “Acho que o livro ficou tão bom que deveria ir para livrarias. Eu nem sempre assino meu nome em livros por encomenda como esse. Nesse caso, eu assinei com prazer”, finaliza Ignácio.

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