Relator do "Mensalão", Serraglio defendeu anistia a Cunha e menos poder à Funai

Antônio Assis
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UOL

Atualmente no quinto mandato como deputado federal, o novo ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR), 69, ganhou projeção nacional em 2005 como relator da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios, fruto das denúncias de pagamento de mensalão à base aliada do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso. A comissão era presidida pelo hoje ex-senador Delcídio Amaral, que teve o mandato cassado ano passado, acabou expulso do PT e hoje é um dos delatores da Operação Lava Jato.

Formado em Direito em Curitiba, mas natural de Erechim (RS), o agora ministro, que tem mestrado na área, foi aluno do hoje presidente Michel Temer (PMDB) e colega de Edson Fachin, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) relator da Lava Jato na Corte.

Na época da CPMI dos Correios, que acabaria levando à condenação de um dos nomes históricos do PT, José Dirceu, Serraglio afirmou que o então chefe da Casa Civil "estava a par de todos os acontecimentos e coordenava as decisões, junto com a diretoria do PT", sobre o pagamento do mensalão.

Jorge Araujo/Folhapress


Osmar Serraglio e Delcidio Amaral em 2005, quando eram, respectivamente, relator e presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios, que investigou o escândalo do mensalão

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, foi poupado no relatório de Serraglio. Em apenas duas páginas dedicadas ao então presidente da República, de um relatório de quase 2 mil, o peemedebista não chegou a uma conclusão sobre o conhecimento ou não do petista sobre o esquema –Lula sempre afirmou que não sabia. "Como é de sabença, não incide, aqui, responsabilidade objetiva do chefe maior da Nação, simplesmente, por ocupar a cúspide da estrutura do Poder Executivo, o que significaria ser responsabilizado independentemente de ciência ou não", escreveu o agora ministro no documento.

O nome de Serraglio voltaria aos holofotes em 2016 com as polêmicas envolvendo outro peemedebista mais notório, o deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (RJ). Apontado na Casa como aliado do agora réu preso da operação Lava Jato, Serraglio defendeu publicamente o desembarque do PMDB do governo de Dilma Rousseff (PT), cujo processo de impeachment fora aberto por Cunha, e foi voto favorável pelo impedimento da petista.

Em abril, já com o processo contra Cunha em trâmite no Conselho de Ética, defendeu publicamente a "anistia política" ao colega, argumentando que "Eduardo Cunha exerceu um papel fundamental para aprovarmos o impeachment da presidente. Merece ser anistiado".

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