Um repasse, um ciclone e uma turbulência - Renata Bezerra de Melo

Antônio Assis
0
Folha-PE

Recentemente, diante da informação de que os três empresários pernambucanos, alvos da Operação Turbulência, haviam assinado acordo de delação premiada com o MPF, a presidência estadual do PSB preferiu não se pronunciar, embora o assunto disesse respeito à aquisição da aeronave Cessna Citation PR-AFA, que caiu em 2014, vitimando Eduardo Campos. A regra era deixar a direção nacional da sigla posicionar-se. Ontem, embora a nova Operação Vórtex, deflagrada por volta das 6h pela PF, tenha relação, mais uma vez, com a compra do jato, lançando uma nova empresa, a Lidermac, no foco das investigações, ela também jogou luz sobre o volume de contratos da investigada com o Governo do Estado. E alertou sobre doação feita pela empresa à campanha do governador Paulo Câmara, em 2014. Segundo dados do TSE, uma doação de R$ 500 mil, originária da Lidermac, foi transferida pela direção nacional da sigla à campanha de Câmara. Considerando tal situação, o PSB-PE emitiu nota, grifando ter sido essa a única doação da empresa a uma campanha majoritária do PSB em 2014. Para a PF, os valores de doações realizadas pela Lidermac, que eram da ordem de R$ 30 mil em 2006 e teriam saltado para R$ 3,8 milhões em 2014, a candidatos e partidos, também chamaram a atenção. Em 2012, de acordo com o TSE, a Lidermac doou R$ 1,480 milhão ao PCdoB nacional. A sigla tem aliança com o PSB no Estado e, na Capital pernambucana, onde já integrava a chapa do prefeito Geraldo Julio. Mas ainda que tenham despertado a atenção da PF, as referidas doações estão registradas no TSE como manda a regra. Mas o valor que desencadeou mesmo a nova ação da PF foi o seguinte: R$ 159.910. O montante foi repassado para a Câmara & Vasconcelos, empresa identificada como de fachada na Operação Turbulência. Exatamente esse valor foi transferido para a proprietária do avião dois dias depois. As relações envolvendo a compra da aeronave continuam levando o PSB a se explicar, o que, em política, não é bom sinal.

Sem carimbo
Em 2012, não havia exigência da Justiça Eleitoral de informar o doador originário. Isso só passou a constar na resolução da eleição de 2014. Assim, as empresas preferiam doar para os diretórios nacionais, o que evitava que doações ficassem carimbadas para esse ou aquele candidato. Então, o TSE mudou as regras.

Exemplo > Em 2012, quando Lidermac doou, à direção nacional do PCdoB, o montante de R$1,480 milhão, não havia ainda obrigação de se definir, na prestação de contas, o doador originário.

Contemplados > Referentes a 2014, há, no TSE, doações da Lidermac para várias siglas, que integravam a Frente Popular. Quase todas as doações foram feitas aos diretórios estaduais, caso do PCdoB (R$ 250 mil), PSDB (R$ 150 mil), PMDB (R$ 250 mil), SD (R$ 250 mil) e DEM (R$ 250 mil). No caso do PSB, o valor de R$ 500 mil foi transferido via direção nacional.

Sem chance > O deputado Álvaro Porto recebeu telefonema do presidente da Casa de Joaquim Nabuco, Guilherme Uchoa, o convidando para o café da manhã no Palácio das Princesas. Mas encontrava-se viajando. "Mesmo se eu estivesse no Recife, não ia", sapecou à coluna.

Quem avisa > Álvaro completou: "Não faço mais parte dessa bancada de governo". Na semana passada, conversou com o dirigente do psd, André de Paula, a quem avisou que sua volta, agora, seria "pior que antes".

Pelo PSB > Com o nome cotado para disputar uma vaga na Mesa, como a coluna cantou a pedra ontem, João Fernando Coutinho deve disputar o espaço com Gonzaga Patriota, Luana Costa (MA) e Luis Lauro (SP).

Acordo > Na Alepe, Claudiano Martins assume a Comissão de Agricultura; Lucas Ramos, Administração e Ricardo Costa será vice-lìder do governo.

Até breve > A partir de hoje, estarei em período de férias e a equipe de política da Folha de Pernambuco estará responsável por este espaço. Sugestões para a coluna podem ser enviadas para o email politica@folhape.com.br.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)