Brasileiro descumpre lei por não se sentir representado, diz cientista político

Antônio Assis
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Edson Sardinha
Congresso em Foco

Qual brasileiro nunca descumpriu alguma lei ao menos uma vez na vida? Se respondeu que nenhum, porque todo cidadão deste país gosta de levar vantagem em tudo, você está sendo simplista, adverte o cientista político Alberto Almeida. Em vídeo publicado em seu canal no Youtube, “Os Brasileiros”, Alberto Almeida diz que o brasileiro tem dificuldade em cumprir as leis – mesmo aquelas que possam beneficiá-lo – porque não se sente parte ativa na produção das normas. Descumprir a lei, muitas vezes, é interpretado como uma forma de fugir da opressão do Estado, explica.

“Nós, brasileiros, temos a concepção de que quem faz as leis está longe da gente, quer explorar a gente, são aqueles carinhas do governo, da prefeitura, lá em Brasília ou do governo estadual. Ou seja, descumprir a lei é (considerado) algo bom, que me dá vantagem, porque não me sinto representado”, observa.

O cientista político cita, como exemplo, a repercussão da lei que reduziu a velocidade nas vias da capital paulista. “Quando houve redução da velocidade para 50km por hora, em São Paulo, os motoristas diziam: ‘Ah, foram aqueles caras da prefeitura, os iluminados, que decidiram fazer isso, eles não sabem da nossa vida. Quer dizer, é uma opressão essa lei.”

Em contraponto, o cientista político lembra o impacto de uma lei que restringiu a pesca predatória nos Estados Unidos, proposta levada às autoridades por pescadores e organizações não-governamentais. “Nessa concepção, não oprime o cidadão, é resultado de conversa entre cidadãos para proteger os próprios cidadãos. Eles acabam cumprindo a lei com vontade. São duas concepções inteiramente diferentes”, afirma.

Para Alberto Almeida, mudar essa percepção incrustada na cultura brasileira é algo difícil, mas não impossível. “Não estou dizendo que, com o passar do tempo, as pessoas não vão cumprir a lei. Não é tarefa simples. Os custos de cumprir a lei para o brasileiro e para o governo impor são muito elevados."

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