Cristovam: "Estou pronto para ser candidato"

Antônio Assis
0
Em entrevista, a este blog, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) afirmou estar disposto a concorrer à Presidência da República nas eleições de 2018. "Até toparia entrar na disputa. Eu tenho um discurso para fazer sobre o futuro do Brasil, que já fiz quando candidato em 2006 e que hoje está mais aprimorado e mais oportuno do que naquela época. Naquela época parecia muito estranho este discurso educacionista como muito tempo pareceu absurdo o discurso abolicionista de Joaquim Nabuco. Foi preciso chegar o momento certo. Eu creio que está chegando o momento certo", disse o senador.

Na opinião do senador, as pessoas estão compreendendo que a solução para o desemprego passa pela educação, como a baixa produtividade na economia se dá pela falta de educação. Estou pronto para ser presidente", afirmou. Abaixo sua entrevista:

Como o senhor está vendo esse cenário nacional?
Com muita preocupação! Ontem, eu estava conversando com um pernambucano que considero um dos mais brilhantes da minha geração, o Everardo Maciel, e eu perguntava: Everardo, ainda tem jeito? Porque ele é um especialista nas contas, foi o diretor-geral da Receita é um estudioso disso. E a gente sabe que jeito tem, mas que vai demorar. Nós provocamos um desastre muito grande nesse País. Claro que o maior responsável é o último governo, mas não é só do último governo. Na verdade, vem de uma tradição brasileira de preocupar-se mais com o imediato do que com o futuro. Mais com o consumo de que com a poupança, mais com o esbanjamento do que com a austeridade, mais com a pressa - melhor exemplo é o slogan de Juscelino – 50 anos em 5 – do que com o planejamento.

Então nós fomos errando, errando e nesse erro degradamos a água, que está suja ou escassa. Uma prova disso é o que fizemos com os nossos rios. Erramos ao concentrar o sistema de transporte nos automóveis privadamente, em vez de transporte coletivo, nos caminhões, em vez de trens e barcos. Erramos ao concentrar a industrialização no centro Sul, em São Paulo, no Sudeste, ao invés de espalhar pelo País. E erramos, eu diria, sobretudo, ao não colocar a educação como uma prioridade central. Porque o País é construído pela educação. Há 160 anos, não existia a Itália, mas uma porção de principados, que se uniram e passaram a ter o nome de Itália e cada grupo falava seu idioma, tinha sua história. Foi a escola que fez com que o italiano falasse italiano. Se não, só uma pequena região que se falaria o que se chama de italiano. É a escola que dá aquilo que o Brasil mais precisa hoje, que é a coesão.

Para mim, o maior problema do País, hoje, é a falta de coesão entre os cidadãos e as cidadãs do Brasil. Cada um se sente parte de uma família, de uma corporação, as vezes de uma cidade ou de um estado, mas não de uma nação. O conceito de nação no Brasil é absolutamente abstrato, não está dentro da cabeça de cada um da gente.

O senhor é candidato a presidente?

Não sei. Eu até toparia disputar mais uma vez a Presidência da República nesse momento. Eu creio que eu tenho discurso para fazer sobre o futuro do Brasil, que eu já fiz em 2006, mas que hoje está aprimorado e mais oportuno do que naquela época. Naquela época, parecia muito estranho esse discurso, por exemplo, educacionista, como durante muito tempo parecia absurdo o discurso abolicionista de Joaquim Nabuco. Era uma coisa estranha, absurda, foi preciso chegar o momento certo.

Eu creio que nós hoje estamos chegando no momento certo para falar em educação, porque as pessoas estão percebendo que o problema do desemprego é, sobretudo, um problema de falta de educação. Que baixa produtividade da nossa economia é falta de educação e não de capital. Há 50 anos, o Brasil produzia pouco por falta de capital para as máquinas. Hoje é por falta de conhecimento para criar as máquinas. Porque as máquinas hoje são o que chamam por aí de software, mais do que hardware.

Então eu estou pronto para ser candidato a presidente, mas ninguém escolhe ser candidato a presidente. São as circunstancias. Eu costumo dizer que é como Padre querendo ser Papa, só doido pensa assim. Você, no máximo, pensa em ser Bispo. Uns muito ambiciosos falam em Cardeal. Mas Papa é o Espirito Santo que faz. Então ser presidente é uma questão de destino. Ser candidato já não é tão impossível, mas depende muito do partido e das circunstâncias.

Quando entrei no PPS foi com dois compromissos. 1 – Não seria obrigado a ser candidato a presidente se o partido não quisesse, mas poderia ser. 2 – O partido não era obrigado a me lançar candidato, nem mesmo a ter candidato, o que eu defendo. Eu acho que todo partido devia ter candidato a presidente, a governador, a prefeito, todos, deviam ser obrigados a ter. Mas não necessariamente eu.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)