Governador vê tom de oposição em ação de aliado - Renata Bezerra de Melo

Antônio Assis
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As mais recentes críticas do deputado federal Danilo Cabral ao governo Michel Temer provocaram reação no Palácio das Princesas. O parlamentar chegou a dizer, esta semana, ao abordar a Reforma da Previdência, que "a marca desse governo é a incapacidade de estabelecer o diálogo com a sociedade". As críticas que Danilo faz ao presidente têm sido consideradas pelo governador Paulo Câmara semelhantes às que a oposição estadual faz ao seu governo. Um aliado de Paulo aponta o seguinte: "São genéricas, não têm consistência e visam apenas ao calendário eleitoral". Interlocutores do Palácio das Princesas lembram que assuntos importantes para o Estado vêm sendo destravados pelo Governo Federal e que assumir essa postura de ataque não ajuda, mas atrapalha o governador, que vem fazendo esforço para viabilizar parcerias. Nessa rota de aproximação, cada vez maior, com o Governo Federal, Paulo vem adotando tom amistoso em relação à gestão Temer, o oposto do empregado por alguns correligionários, a exemplo de Danilo. Assim que aportou em Brasília, esta semana, o governador chegou a definir a Reforma da Previdência como algo relevante e cravou: "Não podemos deixar de discutir. Ela tem que ser feita". Apostou na possibilidade de seu partido apresentar algumas emendas e disse estar estudando ele mesmo algumas questões a serem emendadas. Danilo, por sua vez, chegou a defender moção de repúdio à proposta. Há uma avaliação, nas coxias, de que a ação de Danilo vem se dando "sem combinar" com o governador e que isso abre caminho para que outras lideranças do Estado ganhem mais espaço na articulação junto ao Planalto.

Paulo teve reuniões, esta semana, com ministros, a exemplo de Moreira Franco, Dyogo Oliveira e Gilberto Kassab

Um momento antes
Na PEC do Teto dos Gastos, a bancada pernambucana do PSB decidiu votar contra e socialistas registram terem feito isso sob orientação do Palácio das Princesas. Muitos avaliam que foi só após o governo Temer sentir a movimentação do PSB nesse caso que procurou o Governo de Pernambuco para conversar. O partido foi chamado de traidor até.

Recapitulando > Naquele momento, socialistas lembravam ter sido Paulo Câmara o governador do Nordeste a votar em Aécio Neves e o PSB, um partido que votou pelo impedimento de Dilma. Mesmo assim, lamentavam que Pernambuco não tivesse atenção do Governo Federal.

Me dê... > Se não repercutiu bem o argumento do presidente Michel Temer, no Dia Internacional da Mulher, ao enfocar o papel feminino nos "afazeres domésticos" e a capacidade de indicar "desajustes de preços nos supermercados", por outro lado, ele serve para contrariar a lógica que o próprio Planalto quer aplicar na Reforma da Previdência de igualar as idades de aposentadoria de homens e mulheres.

...motivo > O presidente terminou por reforçar a tese da aposentadoria especial para as mulheres. Deu a entender que homem e mulher não podem ter o mesmo tempo para se aposentar, a despeito de o projeto enviado pelo Executivo igualar as condições. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vinha pregando igualdade.

Cavando > Na avaliação do deputado federal Betinho Gomes, os argumentos políticos do governo para defender a Reforma da Previdência são péssimos. "Se permanecer neste caminho, o governo está cavando uma grande derrota no Plenário", aposta.

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