Multidão lota casa de shows para ver Maria Bethânia

Antônio Assis
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Show de Maria Betânia
Foto: João Vitor Alves/Divulgação

Tatiana Meira
Folha de Pernambuco

Foi a voz que a tirou de cena para o show de 2015 e, de novo, ela quem atrapalhou o show de Maria Bethânia na capital pernambucana. Mas, dois anos atrás, a cantora baiana de quase 71 anos (a serem celebrados em 18 de junho) ficou afônica devido a uma forte gripe e adiou a apresentação em alguns meses, no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções. Na noite deste sábado (18), o problema não foi de saúde, e sim de caráter técnico.

Às 22h35, ao entrar para a primeira canção, “Emoções”, a projeção da voz da artista estava muito baixa, o que motivou revolta na plateia que abarrotava o Classic Hall. Os espectadores gritaram repetidas vezes em coro: “Cadê o som?”.

Bethânia, que havia adentrado a boca de cena com top de cor clara e saia brilhante prateada, deu as costas e voltou para os bastidores, seguida dos músicos de sua banda. Só retornariam dez minutos depois. De braços abertos, questionadora: “Boa noite! Vocês estão me ouvindo?”, para, enfim, soltar o vozeirão grave em um dos maiores sucessos de Roberto Carlos. 

“Difícil começar o show numa cidade que amo com tanta fidelidade. Isso é um trabalho para Iansã, são 53 anos pisando no palco, pode até ter uma quebradeira de lado, mas deixe com ela”, ressaltou a artista, sobre a força arrebatadora que toma conta dela ao cantar e a relação com seu santo no candomblé.

Em nota oficial repassada pela assessoria de comunicação, o Classic Hall esclarece que o som e luz do show de Maria Bethania no Recife foram de inteira responsabilidade da artista. A falha no início do show ocorreu devido ao técnico da artista ter esquecido de abrir um dos canais de som. 

Superada a entrada confusa, a cantora baiana tratou de desfiar um repertório entre o romântico e o dançante, marcado por medleys. A primeira etapa do show, em que entraram trechos de músicas famosas como “Índio”, “Negue”, “Ronda”, “Gostoso Demais”, empolgou mais que a segunda, quando Bethânia parecia ter arrefecido os ânimos.

Entre um sucesso e outro, mudavam a iluminação (em tons de azul, vermelho, branco) e os trejeitos, como em “Fera Ferida”, em que ela fechou o punho levado à altura do coração ao final da letra, e foi ovacionada, mais uma vez, pelos fãs. A cantora deixou o palco para breve intervalo, a banda ficou. Tocaram “Que nem jiló” e logo Bethânia retornou, ainda com mesmo figurino, e defendendo a dramática “Sangrando”, de Gonzaguinha.

Os telões só foram acionados única e exclusivamente em uma das faixas da performance, quando a baiana reverenciou o amigo Naná Vasconcelos, que nos deixou em março do ano passado. As imagens mostravam a participação de Bethânia ao lado do multiinstrumentista pernambucano na abertura do Carnaval do Recife. Ela, ajoelhada como quem faz uma prece, cantou trecho de “Fevereiro em Santo Amaro” e “Frevo Número 2”. Afirmou que Naná era a “estrela mais nobre” a chegar ao céu e que todos os acordes daquela noite eram dele. “Quero homenageá-lo com alegria e música”, cravou.
Para o bis, quase não houve intervalo, e a artista soltou “Explode coração”, a capela. 

Eram mais de cinco mil pessoas, camarotes esgotados desde o ano passado, e o Classic Hall pisou na bola na estrutura. Além da mancada do som baixo na primeira faixa, quase não se entendia o que Bethânia falava com o público, nos intervalos entre as músicas. Triste também foi enfrentar as filas intermináveis para conseguir comprar bebida, e sair do estacionamento (mesmo tendo pago o tíquete antecipado, fiquei 50 minutos para deixar o local e contornar a avenida Agamenon Magalhães, tamanha a confusão de carros, táxis e uber, dentro e fora do espaço).

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