Paulo Rubem critica gestão de Câmara e articulações do PDT

Antônio Assis
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Indagado se havia ficado alguma aresta após a saída do PDT, Paulo Rubem salientou que o desembarque da legenda era uma página virada
Foto:Beto Figueiroa/Assessoria de Imprensa

Giselly Santos
Leia Já

O ex-deputado federal Paulo Rubem Santiago filia-se na próxima segunda-feira (13) ao PSOL. O ingresso do político na legenda acontece após um namoro de quase um ano, desde que ele deixou o PDT em março de 2016. 

Em conversa com o LeiaJá nesta sexta-feira (10), Paulo Rubem ponderou críticas à sua antiga legenda e a gestão do governador Paulo Câmara (PSB), destacou anseios eleitorais e disse que a “identidade” do PSOL foi o que mais pesou para a escolha da nova agremiação partidária.

Indagado se havia ficado alguma aresta após a saída do PDT, Paulo Rubem salientou que o desembarque da legenda era uma “página virada”, mas ressaltou que o PDT aqui em Pernambuco “nunca aceitou” seu “esforço de construção partidária”.

“O PDT não é um partido em Pernambuco. Tem pessoas que comandam a máquina partidária, como Guilherme Uchoa na Alepe e Wolney Queiroz na Câmara Federal, mas não há ideologias ou diálogo na legenda. O partido gira em torno da disputa eleitoral, não é um partido político com diretório, ideologia e ideais. 

Na avaliação do ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), o problema não é apenas do PDT local, mas é uma crise que atinge todos os partidos de “negócios”. “Existem apenas para receber doações empresariais e firmar articulações políticas eleitorais. A maioria dos partidos está hoje na lista dos investigados da Lava Jato”, alfinetou. 

A característica da crise partidária, segundo Paulo Rubem, é um dos motivos que pesaram para a escolha do PSOL. “Acompanhei o processo de criação do PSOL quando estava me afastando do PT. Não saí do PT para o PSOL, mas sempre mantive uma relação de debate político e sempre houve uma identidade. É um partido que está no processo de crescimento consolidado e uma postura correta”, destacou. 

“Já estamos com a expectativa interessante de criar vários coletivos nas áreas que militei. Temos um desafio muito grande e somos um campo enorme para crescer. Pela coerência, clareza, abertura ao diálogo. É um partido militante, que tem diálogo e quer ouvir todos os setores da sociedade”, acrescentou. 

Sobre as pretensões eleitorais, Paulo Rubem ressaltou que era “difícil dizer que não tinha pretensões eleitorais para 2018”. “Fui parlamentar por 3 mandatos federais e 3 estaduais. Esta discussão não estamos fazendo agora. Primeiro vamos passar pelo processo de filiação e aí sim vamos debater um plano de ação para 2018, agora vamos enfrentar as reformas no Congresso. Lá para setembro ou outubro devemos debater as eleições”, frisou. 

Análise da conjuntura nacional e do governo Paulo Câmara

Com o debate em alta sobre as reformas da Previdência e trabalhista, Paulo Rubem disse que “há um processo muito agudo de manipulação e pressão para impor mais sacrifícios com a reforma da previdência”. 

“É uma guerra civil declarada, pior do que a guerra da síria. As reformas que Temer propõe são ultraconservadoras e não vão ajustar as contas do país. Temos que dar resistência e enfrentamento a essas reformas. O país está numa situação que precisa ir para a UTI e começar a ser consertado”, ponderou. 

Já sobre a gestão do governador de Pernambuco Paulo Câmara (PSB), contra quem concorreu em 2014 ocupando a vaga de vice na chapa liderada pelo senador Armando Monteiro (PTB), Paulo Rubem Santiago destacou a “incompetência técnica e da administração do governo”. 

“Muito problemático. Todo mundo viu que a eleição em Pernambuco [em 2014] foi totalmente manipulada por uma tragédia que lamentavelmente tirou a vida de Eduardo Campos. Hoje Pernambuco vive a fatura do que foi aquela eleição. Ele [Paulo Câmara] foi eleito pela máquina do governo e a manipulação emocional, mas pegou um estado em pleno desenvolvimento e não soube administrar. A parcela desta fatura precisa ser cobrada neste ano que antecipa 2018, porque a máquina dele vai moer, tem cargos e empregos públicos para ser oferecidos”, advertiu. 

Perfil

Paulo Rubem Santiago é formado e leciona no curso de Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco. Em 1976, começou a militar no movimento estudantil. Na área sindical foi um dos fundadores da CUT e sempre teve um trabalho voltado para a área de educação. 

Em 1979, Paulo Rubem foi eleito presidente da Associação dos Professores do Ensino Oficial de Pernambuco (Apenope), atual Sintepe. Foi diretor da Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe). É um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). Passou 28 anos no PT, saindo em 2007, quando se filiou ao PDT. Ele já foi vereador, deputado estadual e federal.

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