A operação Lava Jato não está imune a críticas - Inaldo Sampaio

Antônio Assis
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Até pouco tempo, a operação Lava Jato era uma das poucas coisas intocáveis no Brasil. Quem fizesse qualquer crítica aos excessos da Polícia Federal, do Ministério Público ou do juiz Sérgio Moro era logo acusado de estar a favor da corrupção. Os fatos, contudo, estão demonstrando a cada dia que os principais protagonistas da operação não estão imune a erros e nem tampouco a críticas. E as críticas, felizmente, já começaram a aparecer para que pessoas e instituições não se considerem acima do bem e do mal. Ontem, por exemplo, editorial do “Estadão” chamou de “insulto” aos brasileiros os termos do acordo de delação premiada celebrado entre Rodrigo Janot e o empresário Joesley Batista. Pelo acordo, o ricaço goiano, que deu dinheiro para 1.825 políticos de 28 partidos, pagaria uma multa de 110 milhões (o faturamento de suas empresas em 2016 foi de 172 bilhões) e teria o direito de ir morar em Nova York. Como de fato foi.

Acordo razoável
O pernambucano José Robalinho, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, achou que a multa negociada por seu chefe, Rodrigo Janot, com o empresário Joesley Batista (110 milhões) foi “relativamente baixa”. Mas não considera “irrazoável” os termos do acordo celebrado entre as partes, que motivou o violento editorial do “Estadão”.

Ditadura : A divulgação do áudio de uma conversa do jornalista Reinaldo Azevedo (ex “Veja”) com Andrea Neves, irmã de Aécio Neves, foi uma agressão à Constituição, que garante aos profissionais de imprensa o sigilo da fonte. Conforme a ministra Carmem Lúcia, presidente do STF, a “jurisprudência consolidada” da Corte é pelo respeito integral ao sigilo da fonte.

Precaução : O ministro Mendonça Filho (Educação) está correto ao exigir que todas as pessoas que o procuram no gabinete deixem o celular na portaria. Tancredo Neves, que viveu numa época em que não existia celular, não gostava de falar ao telefone com medo de grampo. O neto, Aécio, que não seguiu os seus exemplos, foi “gravado” numa conversa particular e se deu mal.

Freio : As secções do PSDB dos Estados do RJ e RS já se posicionaram abertamente pela renúncia de Michel Temer (a de PE não se pronunciou). A de SP seria a terceira, mas o ex-presidente FHC e o governador Geraldo Alckmin deram um freio de arrumação.

A saída : Sílvio Costa (PTdoB), para tentar criar um “fato político”, pediu audiência ao ex-ministro Carlos Ayres Britto (STF) para conversar sobre o “pós Temer”. O ex-ministro, legalista e pragmático, disse logo de saída que o remédio está na Constituição. Se Temer renunciar ou for cassado, faz-se uma eleição indireta em 30 dias e escolhe-se o sucessor. 

As opções : Até agora, tiveram os seus nomes citados, como opções, para a eventual renúncia de Temer, o ministro Henrique Meirelles, o ex-presidente FHC, o senador Tasso Jereissati (PSDB) e o ex-ministro Nélson Jobim. Este último é o favorito em todas as bolsas de aposta.

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