Além do zoo: Dois Irmãos é reserva rara de mata atlântica em perímetro urbano

Antônio Assis
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Zoológico de Dois Irmãos ocupa apenas parte da área de mata atlântica
Foto: Arthur de Souza

Priscilla Costa
Folha de Pernambuco

Quando se fala sobre o Parque Estadual Dois Irmãos logo vem à cabeça apenas o jardim zoológico. Mas o que poucos sabem é que o zoo representa apenas uma pequena parte de um dos maiores remanescentes de mata atlântica inserido em perímetro urbano no país. A área aberta à visitação pública corresponde a 14 hectares de um total de 1.100 hectares. É justamente na parte restrita, de floresta fechada, que um tesouro muito maior se esconde. 

Uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) desvendou uma biodiversidade ímpar de fauna e flora, revelando espécies raras, algumas delas em extinção. Só nos últimos três anos foram registradas 42 espécies de anfíbios, sendo que duas delas correm o risco de desaparecer. Um estudo sobre os olhos d’água do espaço revelou a qualidade desses reservatórios e a presença de espécies exóticas (não nativas) de peixes. Os resultados do levantamento para o Parque Dois Irmãos integram o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio).

A equipe que estuda o Parque Dois Irmãos é composta por 50 estudiosos de áreas diversas. Juntos, trabalham para um conhecimento mais sistemático do solo, biota aquática, anfíbios, répteis, aves, morcegos, mamíferos e aspectos relacionados à ecologia de plantas. O projeto, reconhece o gerente do parque, George do Rêgo Barros, é a ferramenta-chave para a comunidade científica avançar, ao mesmo tempo em que permite um acesso mais claro sobre a biodiversidade que não está ao alcance dos olhos do público. Até ele se diz surpreso com as descobertas já feitas. 

“A gente vê a mata, mas não tem a mínima noção do que há por trás. Eu mesmo, nem sabia que tínhamos esquilo e tamanduaí, menor espécie de tamanduá. Até lontras ocorrem nos açudes do parque. Eu sou gestor há quase três anos e nunca imaginaria um tesouro desse. Se eu me surpreendi, quem dirá as outras pessoas que nem têm ideia de que o parque vai além de um zoológico?”, comenta. 

Até situações engraçadas, relembra Barros, fazem parte do cotidiano do ecossistema. “Durante dois meses chegamos a acompanhar uma briga por espaço numa árvore entre uma família de pica-paus e um araçari (tipo de tucano)”, conta, sorrindo.

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