No Recife, Marcha das Vadias pede saída de Temer e critica reforma trabalhista

Antônio Assis
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Marcha das Vadias 2017 no Recife
Foto: Ed Machado

Duda Spencer
Folha-PE 

O Recife recebe, neste sábado (27), a sétima edição da Marca das Vadias. Com o tema "Feminismo é Revolução", as manifestantes se concentraram na Praça do Derby, área central da Capital, onde leram um manifesto e pintaram os corpos e cartazes com palavras de ordem. As mulheres saíram em caminhada pelas ruas do Centro. As reforma trabalhista, propostas pelo Governo Temer, também não ficaram das críticas do grupo.

O tema central, como de costume, é a culpabilização da vítima de estupro. "As mulheres, quando denunciam o estupro, geralmente são culpadas. Porque não obedeceu o pai ou o marido, porque tava de short curto, tava de noite na rua... Isso não acontece com nenhum outro crime. Se a pessoa foi assaltada não vai ser responsabilizada. O movimento feminista identifica que essa é uma questão da cultura do estupro e do machismo", explica a professora Rebeca Batista de França. 

Ela explica ainda que o assassinato de mulheres, que é chamado de crime passional, não é um ato de paixão. "É um crime onde se persegue mulheres por serem mulheres. Elas estão morrendo por serem mulheres. É feminicídio", afirma. 

A marcha, no Recife, também segue outras manifestações relacionadas à causa das mulheres independentes e defende outras bandeiras, como a saída de Michel Temer do Governo Federal e do Congresso ultraconservador. "São bancadas que têm defendido o Governo e aprovado todos os projetos que o governo coloca, como a reforma da previdência, que com certeza vai incidir pesadamente sobre as trabalhadoras. Se a classe trabalhadora vai ficar precarizada, as mulheres vão sofrer muito mais com essa perda de direitos trabalhistas", explica.

Uma das organizadoras da Marcha, Ju Dolores afirmou que o movimento tem um trabalho de unir as mulheres e entender as suas especificidades. “A gente está aberta a discutir a causa das mulheres, sabe que os feminismos são plurais, que a gente tem um trabalho muito grande de unir as mulheres e entender que a gente tem as nossas especificidades, mas que todas nós estamos juntas. E como bem disse uma amiga minha, nós somos todas irmãs de sangue nos olhos. Porque a gente está aqui porque a violência contra a mulher é diária e não choca as pessoas como deveria chocar”, declarou. 

Também organizadora da Marcha, Amanda Timóteo ressaltou a diversidade de mulheres que compõem a manifestação. “Ela já foi e ela é ainda questionada da questão racial, e hoje a gente pode ver, estou muito feliz, inclusive, que tem uma quantidade de mulheres negras muito maior e isso aconteceu de dois, três anos para cá”, disse. 

Ainda na Praça do Derby, Perla Rannielly fez uma performance intitulada ‘Carne negra’ que, segundo ela, é baseada em sua vivência. Mulher trans, falou da resistência. “A gente aqui é guerreira, forte para c... A gente está aqui porque sabe dos nossos direitos e a gente quer levar isso para outras mulheres que não têm essa informação de algum modo. Mesmo que achem que ficar com o peito de fora é ridículo ou assédio para eles. A gente está aqui para botar na cara deles e mostrar que a gente tem força”, declarou.

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