Alunos idealizam drone para 'pegar ladrões' em Itapissuma

Antônio Assis
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Adriano (esquerda) e Gabriel com o protótipo de drone
Foto: Arthur Mota

Luna Markman
Folha de Pernambuco

Um desafio lançado na aula de robótica para os alunos inventarem algo que ajudasse a comunidade levou dois alunos de uma escola municipal de Itapissuma, no Litoral Norte de Pernambuco, a bolar um drone para “pegar ladrões”. O robô foi projetado ano passado, antes mesmo de a prefeitura de São Paulo lançar o Dronepol, ação com cinco drones para monitorar a cidade. O portal FolhaPE foi conhecer os estudantes e o projeto, apresentado somente agora à Secretaria de Segurança do município, que vai avaliar a possibilidade de adotar a tecnologia.

Gabriel dos Santos, 12 anos, e Adriano Bandeira, 13, estudam na 7ª série da Escola Municipal João Bento de Paiva e, ano passado, eles participaram do projeto Aluno Presente na Robótica, oferecido pela empresa Dulino. Foi a primeira vez que os meninos tiveram contato com conceitos ligados à ciência e à técnica da concepção, construção e utilização de robôs.

Nas aulas de montagem livre, lançou-se o desafio para a concepção de um robô com utilidade pública, e os jovens pensaram num drone, que é um veículo aéreo não tripulado e controlado remotamente, para vigiar a cidade. “A gente vê na reportagem que tem muita violência aqui, e o drone pode ajudar a pegar ladrões, pois eles muitas vezes escapam. O drone pode ficar lá em cima vigiando e o bandido vai nem perceber. Pode passar em ruas de difícil acesso, ajudar em uma perseguição”, explicou Adriano.

Gabriel teve a ideia e programou o robô. Adriano arquitetou e montou. Foram 100 horas de aula para chegar ao protótipo de um drone, com auxílio do gerente de projetos da Dulino, Vinícius Raphael. Eles usaram um software livre da Lego, que trabalha com blocos pré-programados, o que facilita o raciocínio da programação, apostilas didáticas e manuais de montagem de protótipos.

Para esse robô, os garotos aprenderam a programar os blocos de “mover” e “sensores”. Este último é a representação das câmeras e do sonar para desviar de obstáculos. “A segurança pública demanda tempo, esforço, pessoas, e o drone pode passar informações para os policiais e direcionar equipes. Esse projeto foi destaque não tanto pelo drone, em si, que já existe, mas pela ideia dos meninos de aplicar essa tecnologia na segurança da cidade”, disse o gerente.

Se história era a disciplina preferida dos estudantes, agora robótica está no topo da lista. “Eu achava que esse tipo de aula tinha muita matemática, peças, fios, mas é muito legal, melhor que ficar na sala só copiando o que o professor diz. Aqui a gente tem desafio, monta, trabalha em grupo”, comentou Gabriel, que já escolheu sua futura profissão: programador.

De olho na ideia
O secretário de Segurança, Cidadania e Transporte de Itapissuma, Abdoral Epifanio, disse que a gestão já utilizou drone para realizar mapeamento territorial, mas ainda não tinha considerado usar o veículo aéreo para auxiliar o policiamento. Em junho, a Prefeitura licitou 12 câmeras para monitorar pontos fixos das principais ruas e avenidas do município. A instalação deve começar em 90 dias.

“A mobilidade que um drone tem facilitaria a gente ter conhecimento sobre o que está acontecendo em vários pontos da cidade. Também pode ajudar no controle de grandes eventos, como São João e Carnaval. É incrível ver meninos tão novos pensando na segurança de Itapissuma”, disse. 

Militares do 17° Batalhão são responsáveis pelo policiamento da cidade, que tem população estimada em 26.073 habitantes. Ao todo, há 82 guardas municipais e uma delegacia da Polícia Civil na localidade.

Soluções educativas
O recurso tecnológico é fundamental hoje para o processo ensino-aprendizagem, já que a robótica educacional é uma atividade lúdica, desafiadora, multidisciplinar, capaz de desenvolver raciocínio lógico, habilidades manuais e ajudar crianças e adolescentes a trabalhar em equipe. É nesse segmento que a empresa pernambucana Dulino aposta desde que nasceu em 2013.

A empresa disputa licitações públicas para prestar serviço de robótica educacional. No momento, está em escolas da rede pública de Jaboatão dos Guararapes, Abreu e Lima, Itapissuma e Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, atendendo mais de mil alunos. A ideia também está atravessando divisas e chegou recentemente a Bahia. 

Na escola João Bento, o projeto Aluno Presente na Robótica foi implantado no segundo semestre de 2016. "É cedo para mensurar o resultado, pois a gente planta uma semente e tem que esperar os frutos, mas estamos acompanhando o interesso dos alunos. Acho que estamos conseguindo resgatar neles o real objetivo da escola, que é transformar a sociedade ao desenvolver habilidades e competências", disse o presidente da Dulino, Raphael Gadelha.

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