Celular já é o canal preferido dos brasileiros na hora das transações bancárias

Antônio Assis
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Marina Barbosa (texto) e Alfeu Tavares (foto) 
Folha de Pernambuco

Dyego Neves quase não vai mais ao banco. E não é porque não tem pendências financeiras a resolver, mas porque consegue fazer praticamente tudo pelo celular. No aplicativo do banco, o supervisor comercial de 30 anos paga contas, faz transferências e consulta seu saldo. Só vai à agência, portanto, quando precisa sacar dinheiro ou fazer depósitos. Por isso, é considerado um ‘heavy user’ do mobile banking, ou seja, um cliente bancário que faz mais de 80% das suas operações pelo smartphone. 

E Dyego não está sozinho nessa. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), 9,5 milhões de pessoas já se encaixam neste perfil no País. Por isso, algo inédito aconteceu em 2016: o celular apareceu como o canal preferido dos brasileiros para a realização de transações bancárias, desbancando as agências, os terminais de autoatendimento e até o internet banking. Pesquisa divulgada pela Febraban no Congresso de Tecnologia da Informação para Instituições Financeiras (Ciab) explica que o smartphone foi utilizado em 21,9 bilhões de transações só no ano passado. Ou seja, 34% de todas as operações realizadas no Brasil em 2016. 

“Os bancos estão cada vez mais presentes no dia a dia do brasileiro e a tecnologia torna essa presença quase invisível. Afinal, com o celular, você carrega o banco no seu bolso e pode realizar transações de qualquer lugar”, confirmou o presidente da Febraban, Murilo Portugal, dizendo que a comodidade e a segurança são o diferencial do mobile banking. “É uma questão de experiência. O mobile é mais fácil e prático e está com você em qualquer lugar. Se você estiver em casa e precisar consultar seu saldo, por exemplo, vai se dirigir à agência, ligar o computador ou pegar o celular?”, completou o diretor setorial de tecnologia da Febraban, Gustavo Fosse, dizendo ainda que não há riscos no ‘banco digital’. 

O diretor financeiro Eduardo Alcoforado, de 40 anos, sabe disso, tanto que usa o celular para resolver todas as pendências financeiras, inclusive pagamentos e transferências do trabalho. “Praticidade, economia de tempo e segurança são as vantagens que me fazem optar por esta modalidade. Se colocarmos na balança possíveis invasões de sistema e a falta de segurança pública nas cidades, onde assaltos a bancos são uma realidade, a exposição da própria vida supera em muito algum possível risco desta modalidade. E, caso haja algum problema, os bancos costumam ressarcir a perda”, explicou Alcoforado, dizendo que a comodidade de poder fazer os pagamentos na empresa, sem ter que enfrentar trânsito e estacionamento apertado para ir ao banco, também pesa muito nesta balança. “Na correria do dia a dia, poder pagar as contas sem fila e em casa, depois do trabalho, é um ganho enorme”, ressaltou Dyego.

Apesar de parecer natural, a popularização do Mobile Banking surpreende. Segundo a Febraban, o canal cresceu 21.800% em apenas seis anos. Afinal, em 2011, quase ninguém usava o celular para acessar a conta bancária. “O celular não só se transformou no canal preferido dos nossos clientes, como tirou usuários de outros canais importantes. Já vemos, por exemplo, uma migração grande do internet para o mobile banking”, contou Fosse, mostrando que as operações financeiras realizadas pelo computador caíram de 32% para 23% no total de transações bancárias realizadas no Brasil entre 2015 e 2016. Também houve queda nos terminais de autoatendimento, mas as agências continuaram estáveis, respondendo por 8% das transações.

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