Cidadãos unidos pelo meio ambiente

Antônio Assis
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Em Olinda, Aguinaldo Costa cuida sozinho de um trecho do canteiro da rodovia PE-15. Em Bezerros, a Associação Serra Negra Verde ajuda crianças a entenderem seu papel como guardiãs do meio ambiente
Foto: Leo Motta

Marcos Toledo e Priscilla Costa
Folha de Pernambuco

Diz-se que todo ser humano deve plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Dá para entender. São ações diretamente relacionadas à perpetuação da espécie, tanto do ponto de vista da natureza quanto cultural. Para as duas últimas, pode até ser preciso um certo talento e planejamento, respectivamente. Já para a primeira, basta iniciativa e vontade. É o que comprovam atitudes cada vez mais frequentes de indivíduos preocupados com o meio ambiente, cuja data comemorativa é lembrada nesta segunda-feira (5) em todo o mundo.

Pessoas como o policial militar reformado Aguinaldo Francisco da Costa, 56 anos, morador do Alto da Nação, em Olinda. Nascido em Gravatá, ele reside na Cidade Patrimônio da Humanidade desde 1973. Depois que se aposentou, ficou sedentário, ganhou mais peso e o médico o aconselhou desempenhar alguma atividade. Vivendo quase às margens da rodovia estadual PE-15, próximo ao 7º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC, antigo RO), ao passar mais tempo em casa começou a acompanhar mais de perto o que acontece em sua vizinhança. A primeira peculiaridade que lhe chamou a atenção, há três anos, foram as condições em que se encontravam os canteiros da pista, no entorno da Estação Quartel do BRT: mato alto, lixo, insegurança e ausência de iluminação pública, semáforo e faixa de pedestre.

Por iniciativa própria, com um ciscador e uma pá, Aguinaldo tirou cinco carros de mão com lixo. A partir daí, não parou mais. Adquiriu uma estrovenga e duas roçadeiras (cortadores de grama elétricos). Com o espaço limpo, começou a plantar. “Toda vez que viajo para o Sertão trago xique-xique, aveloz, mulungu, cardeiro”, conta. Além dessas espécies, há cactos, baobás, eucaliptos, cajueiros, jaqueiras e mangueiras.

Há um ano, de domingo a domingo, das 6h30 às 9h e das 15h30 às 17h, se dedica a cuidar do espaço. Para auxiliá-lo na preservação das plantas, construiu uma carroça que transporta 240 litros d’água. No verão, chega a fazer três viagens empurrando-a.

Para valorizar o local, ainda construiu uma pracinha - no lugar onde motoristas desciam de seus carros para descartar entulhos - e conseguiu que as autoridades instalassem semáforos, faixa de pedestre e um poste com iluminação - esta, até hoje ainda insuficiente. “Também botei nove lixeiras. Ainda tem mais quatro em casa. Tudo do bolso. Umas eu fiz, outras comprei. Tento conservar isso aqui”, explica o aposentado, que faz tudo sozinho, salvo alguma ajuda eventual. Há duas semanas também recebeu a doação de seis esculturas do falecido artista plástico Ricardo Andrade, doadas pela família do autor, o mesmo da obra Pescador, instalada quando da inauguração da rodovia.

Outra ideia que Aguinaldo quer implementar é o que chama de Porteira do Conhecimento. “Me doaram 500 livros. Fiz as contas e vou gastar uns R$ 520. Se alguém pudesse me ajudar, eu agradeceria. Estou tentando ver se transformo esse espaço numa área de lazer. O bairro aqui é muito fraco. O pessoal não tem nada.” 

Para ele, também seria importante se algum profissional colaborasse com um projeto paisagístico para o local. “Nosso planeta está precisando que alguém, e mais gente, cuide dele, porque o bichinho está cansado. Nosso planeta está muito sofrido.”

No Agreste
Em abril último, membros da Associação Serra Negra Verde, no município de Bezerros (Agreste), plantaram, ao longo de 1 km, 50 mudas de ipês roxo, rosa e amarelo. A iniciativa voluntária contou com estudantes da Escola Municipal Joaquim Claudino de Oliveira e teve como principal intuito chamar a atenção sobre a importância de cuidar e preservar a natureza local.

Antes do plantio, a criançada participou de um bate-papo ambiental para entender seu papel como guardiã do meio ambiente. “Reconhecemos o desafio de transformar Serra Negra num lugar mais arborizado”, diz André Almeida, um dos fundadores da Associação.

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