Desmonte da Lava Jato tem repercussão tímida na classe política

Antônio Assis
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Blog da Folha

A extinção da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba repercutiu timidamente na classe política. Alguns, como a deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE), apontam o fato como parte de uma estratégia de desmonte das investigações. Outra parcela, a exemplo de Daniel Coelho (PSDB-PE), frisa que a prioridade é obter o julgamento dos culpados antes de 2018, para não impactar com mais instabilidade no pleito de outubro.

Chamou atenção o silêncio de alguns políticos, a exemplo do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), este último implicado nas investigações da Operação. Humberto Costa (PT), que também é investigado, considerou a mudança como uma manobra do grupo que patrocinou o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff . “Um dos objetivos de Temer, ao dar o golpe, é impedir que prosseguissem as investigações da Lava Jato, uma coisa que já vínhamos falando”, frisa.

Para o deputado Betinho Gomes (PSDB), a mudança, a princípio, enfraquece a Lava Jato. “Como os delegados agora vão se debruçar em vários temas, a capacidade de acompanhamento será mais lenta”, verifica. Daniel Coelho, por sua vez, destaca que o deslocamento dos agentes foi uma decisão dos próprios integrantes da PF e que, se a ideia foi otimizar os recursos, a operação prevaleceu. “O importante é que a Operação se conclua com o julgamento dos suspeitos. Isso deve acontecer até o fim do ano, para não entrar em 2018 com essa mesma instabilidade”, diz.

O deputado Danilo Cabral (PSB) atribui à Lava Jato um status de ação irreversível. “A operação pertence à sociedade, está acima de qualquer movimento institucional para interrompê-la”, defende o socialista. 

O vereador do Recife e ex-presidente da OAB-PE, Jayme Asfora (PMDB), usou o perfil no Facebook para condenar o “desmonte da Lava Jato”. “É a prova de que existe uma verdadeira quadrilha suprapartidária instalada para inocentar quem já está, comprovadamente, envolvido com atos de corrupção”, repreende.

Luciana Santos, afirma que a mudança não é surpresa, já que foi revelado na conversa gravada entre Sérgio Machado e o senador Romero Jucá (PMDB) uma intenção de “estancar a sangria”. "Isso fazia parte do pacote do golpe. A operação foi se contaminando pela luta política”, disparou a deputada federal comunista.

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