Leis obrigam bancos a terem vigilantes 24h

Antônio Assis
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Ideia é que seguranças tenham acesso a câmeras e botão de pânico. Por ora, crimes continuam, como assalto em Bairro Novo, ontemFoto: Ed Machado

Luiz Filipe Freire
Folha de Pernambuco

e explosões praticados em bancos no Es­­­tado têm levado o poder público a apostar em vigilantes armados dentro das agências no período noturno, como era fei­­to até 2005. A diferença é que, agora, a medida tem a força de leis já aprovadas em, pelo menos, seis municípios de Pernambuco. O mais recen­­­te foi Olinda, que determinou a presença desses profissionais nas ins­­tituições por 24 horas.

Em Jaboa­­­tão dos Guararapes, a matéria já tem 90 dias desde a sanção do Executivo e começará a ser posta em vigor na próxima segunda-feira. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), porém, vê a determinação com cautela por considerar que, trabalhando em períodos de baixa demanda, os seguranças podem ser alvos fáceis de criminosos, quase sem­­pre equipados com armas mais destrutivas até que as de policiais.

A maioria dos projetos aprovados nas câmaras municipais prevê que os vigilantes fiquem num local seguro da agência e em que tenham acesso a imagens de câmeras. Assim, poderão ver qualquer pessoa que chega ou que estaciona o carro próximo. Os profissionais também poderão acionar um botão de pânico, além de terem contato direto com o batalhão da Polícia Militar mais próximo.

No caso de Olinda, foi estabelecida uma multa diária de R$ 5 mil para instituições que infringirem a legislação, com aplicação em dobro se houver reincidência. Foi determinado o prazo de 90 dias para adequação à matéria, que também vigora sobre cooperativas de crédito.

O diretor de relação de trabalho do Sindicato dos Vigilantes (Sindesv), Marcelo Ramos Silva, exalta a criação de novas vagas no setor - só em Olinda, a previsão é de contratação de mais 30 vigilantes para suprir os horários da noite e da madrugada nas 14 agências do município -, mas também defende a medida no que se refere à seguran­­­ça. 

“De 2005 para cá, os bancos investiram em segurança eletrônica, mas não vimos a criminalidade diminuir. Então, ter seguranças lá dentro por 24 horas é positivo. Não digo que a tecnologia seja ruim, mas há casos de bancos em que o monitoramento do que se passa no Recife ocorre em Brasília. 

Daqui que haja uma comunicação, o criminoso explode o caixa e foge”, afirma.
Em Jaboatão, o autor do projeto que deu origem à lei que vigora no município é o vereador Carlos André, também diretor do Sindesv.

Ele diz que levou a ideia a outras casas legislativas. Paulista, Abreu e Lima, Igarassu e Vitória de Santo Antão já têm leis que regulamentam o assun­­­to, segundo o sindicato. “Em outros locais em que medida igual foi adotada, como o Rio Grande do Sul, esse tipo de crime acabou”, argumenta. 

Em Jaboatão, a expectativa é de que haja 60 novos vigilantes em 29 agências bancárias.

A presidente do Sindicato dos Ban­­cários, Suzineide Rodrigues, diz que todo esforço para melhorar a segurança é válido, embora avalie que há riscos. “O vigilante fica à mercê. É algo que tem que ser muito bem estudado”, afirma.

Em nota, a Febraban disse que a medida “pode gerar problemas adicionais” à segurança e que os vigilan­­tes podem ficar vulneráveis a interessados em roubar seu colete e sua arma. Também citou riscos a clientes num eventual confronto entre seguranças e criminosos. Por fim, ressaltou que todas as agências têm monitoramento remoto, o que permite acionar forças de segurança pública em casos de crimes.

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