Música muda vida de jovens moradores de comunidade em Olinda

Antônio Assis
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O maestro Israel de França deixou a orquestra de Granada por três anos para coordenar o projeto
Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem

JC Online

Do violoncelo, se escutam os primeiros acordes graves de Kanon, a peça mais famosa do alemão Johann Pachelbel. Em seguida, violinos e violas acompanham a sinfonia. A cena poderia descrever uma orquestra qualquer, mas os cerca de 30 instrumentos de corda são manuseados por crianças e jovens de uma das comunidades mais carentes de Olinda, localizada nos Bultrins. Há dois anos, eles integram a Orquestra de Câmara do Alto da Mina, iniciativa da Igreja Batista do bairro e do maestro Israel de França. Para continuar mudando a vida dos jovens através da música, o projeto ganha, formalmente, o apoio do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em Pernambuco na próxima segunda-feira, quando acontece o lançamento de um livro com renda revertida para a orquestra.
A parceria, no entanto, existe desde o ano passado. Em agosto de 2016, o grupo teve instrumentos roubados durante sua primeira apresentação fora do Estado. A ajuda do TRT veio em seguida. “Fizemos uma rifa e conseguimos realizar a doação de 15 violinos para o projeto. Além disso, convidamos os jovens para tocar em vários eventos do tribunal”, conta o desembargador Eduardo Pugliesi. “O que queremos agora é oficializar o convênio de cooperação técnica e apoio institucional do tribunal. Assim, esperamos levar mais credibilidade ao trabalho realizado no Alto da Mina, que ainda tem muito pouco apoio. Nossa intenção é impactar o maior número de vidas possível.”

As aulas, gratuitas, acontecem diariamente, em uma casa cedida pela igreja. Ao todo, são 50 alunos, com idades entre sete e 18 anos, todos moradores da comunidade. Além do violoncelo, do violino e da viola, os jovens ainda têm a oportunidade de conhecer instrumentos de percussão e cantar em um coral.

“Não podemos ficar de braços cruzados esperando pelo poder público. Somos carentes de espaços nesta comunidade. Não temos escolas, nem postos de saúde. Por isso criamos o projeto, para tirar as crianças das ruas ou evitar que cheguem até elas. Ver esse resultado é uma vitória para nós”, comemora o pastor Paulo Cesar Pereira, um dos idealizadores da iniciativa.

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