Pernambuco teve 13.398 homicídios só no atual governo

Antônio Assis
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De janeiro a novembro foram 5.030 pessoas assassinadas no Estado
Bobby Fabisak/JC Imagem

jC Online

Os números oficiais confirmam o que já se sabia: apesar dos investimentos na contratação de policiais e renovação da frota em operação na área de segurança pública, a violência segue desenfreada em Pernambuco, que atingiu a marca histórica de 5.030 homicídios em 11 meses. Para se ter uma ideia do que isso representa, é como se dizimar toda a população de municípios como Itacuruba, ou Ingazeira (no Sertão) ou do Arquipélago de Fernando de Noronha, conforme dados do IBGE.

Se contabilizarmos os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) ocorridos somente na atual gestão do governo até agora, são 13.398, população maior do que a de 42 municípios pernambucanos, como Cortês, Santa Cruz da Baixa Verde (Zona da Mata) e Belém de Maria (Sertão).

O último balanço da criminalidade foi publicado ontem à tarde, no site da Secretaria de Defesa Social (SDS), que contabilizou 456 assassinatos em novembro, 12,4% a mais que o mesmo mês em 2016, com 406 mortes. Considerando os 5.030 homicídios, o aumento é de 25,5% em relação ao mesmo período do ano passado, que teve 4.007 assassinatos. Comparando com 2013, último ano em que o programa Pacto pela Vida apresentou redução nas estatísticas, o crescimento é de 78,7% em apenas quatro anos.

Antes da divulgação das estatísticas, durante anúncio da instalação de uma fábrica de munições no Estado, pela manhã, o governador Paulo Câmara chegou a comentar que “tivemos alguns resultados de redução com relação aos homicídios” nos últimos meses, e, citando ampliação dos efetivos das polícias Militar e Civil, garantiu: “Temos certeza que 2018 vai ser um ano de resultados mais satisfatórios”. Câmara ainda destacou a necessidade de combater o tráfico de drogas e de armas que existe no Brasil.
ENFOQUE NACIONAL

O enfoque nacional também foi feito pelo secretário da SDS, Antônio de Pádua. “É preciso entender o cenário brasileiro, que demonstrou aumento de homicídios em todo o território nacional, sobretudo no Nordeste. Não somos uma ilha e sofremos as consequências de falta de fiscalização nas fronteiras, ausência de vagas em presídios federais, de uma política nacional de segurança e recursos da União para apoiar os estados”, declarou.

Governador e secretário destacaram a redução dos Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVPs, que incluem todo tipo de roubo). Foram 8.083 casos em novembro, contra 8.866 em outubro e 9.551 em setembro, formando o trimestre do ano com menores estatísticas. Incluem-se aí os assaltos a coletivos, com 53 ocorrências em novembro, contra 65 em outubro e 75 em setembro. Somando todos os CVPs de janeiro a novembro, o Estado contabiliza 111.649 ocorrências.

“Ao reduzir significativamente os crimes contra o patrimônio, estamos aumentando a sensação de segurança de todos os cidadãos”, destaca Pádua. “Isso é resultado de operações importantes, como a Agamenon Magalhães, Cerne, Têxtil, Verão e Papai Noel, e da atuação da Força-Tarefa Coletivos, com abordagens nos corredores de grande fluxo e prisão de 300 assaltantes de ônibus. Somente este ano, foram 21.673 prisões em flagrante pelas forças de segurança”.
PLANO DE SEGURANÇA

Para enfrentar a violência, o governo lançou um Plano Estadual de Segurança Pública, com investimentos de R$ 290 milhões entre 2017/2018, sendo R$ 150,8 milhões para a renovação e ampliação da frota e o restante para pessoal. Este ano, já foram efetivados 1,5 mil novos PMs e há outros 1,3 mil em formação. Nas Polícias Civil e Científica estão em curso de capacitação 1.283 concursados. Apesar disso, ainda há 8.054 PMs, bombeiros e civis dentro do Programa de Jornada Extra de Segurança (PJEs), para suprir a falta de efetivo.

“Esse aumento de pessoal não existe. Enquanto muitos chegam vários outros estão entrando na reserva. E não adianta só aumentar efetivo se não valorizar os policiais”, observa o presidente da Associação de Cabos e Soldados (ACS), Albérisson Carlos. Segundo ele, cerca de 4 mil PMs devem se aposentar até o ano que vem. A estimativa da Polícia Civil é de 1,5 mil profissionais com idade para aposentadoria.

Em artigo a ser publicado neste domingo no JC, o cientista social e teólogo Tales Ferreira – que é gerente da ONG Visão Mundial e membro do Movimento Pernambuco de Paz – critica a política de encarceramento do Estado, afirmando que é necessário focar mais na prevenção de homicídios e tráfico, investir em educação e buscar envolvimento da sociedade civil no combate à violência. 

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