BRT e agora?

Antônio Assis
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Textos: Roberta Soares | Fotos: Guga Matos

Abandonado e incompleto, BRT sofre

Ele está ferido, sofrido. Esquecido. E sem perspectivas de melhoria. Tem sobrevivido como é possível e, apenas pontualmente, esboça reações positivas. O sistema BRT, Bus Rapid Transit, tem sofrido de inanição em todo o País. E poderá se perder por causa dela. Tem lhe faltado requisitos básicos do sistema vendido como o “metrô sobre pneus” e amplamente defendido no Brasil que se preparava para a Copa do Mundo de 2014. Quatro anos depois, os projetos – concluídos ou não – se arrastam País afora. O cenário é nacional e afeta até mesmo os sistemas mais consolidados, como os do Rio de Janeiro, no Sudeste brasileiro, que implantou 125 quilômetros de corredores de BRT considerados vitrines na perspectiva nacional e que transformaram a capital na cidade brasileira líder em investimentos estatais de melhoria do transporte público. Em Pernambuco, a situação é semelhante. Os dois corredores de BRT batizados Via Livre – Leste-Oeste e Norte-Sul – sofrem até hoje sem a conclusão dos projetos, com a degradação rápida dos equipamentos do sistema e, principalmente, da infraestrutura dos corredores. Representam um investimento de quase meio bilhão de reais. Mas, mesmo assim, operam com menos estrutura do que deveriam e transportam metade dos passageiros que estavam projetados. Falta de tudo.

BRTs são dependentes de subsídio. Hoje, 20% do custo de operação do modelo pernambucano, por exemplo, é subsidiado. O desempenho do conceito BRT não se confirmou. Eficiência tão alardeada na época em que o País precisava vestir sua mobilidade e, devido à pressa – consequência do atropelo de prazos –, priorizou o transporte rodoviário no lugar dos sistemas metroferroviários. Ou seja, deu as costas aos projetos de transporte sobre trilhos. Há superlotação, degradação e perigo. Resultado das obras inacabadas, da pouca atenção do poder público e passividade do setor empresarial privado. O BRT, entretanto, continua sendo um sistema com potencial. Se bem feito e operado, pode ser espetacular – a afirmação é unânime entre estudiosos, especialistas, gestores, operadores e passageiros. Infinitamente melhor do que o sistema convencional das cidades, é a avaliação predominante.

Para mostrar recortes dessa realidade, analisando-os a partir da experiência de quem vive o BRT diariamente, o JCpublica o especial multimídia BRT – E Agora?, que abordará diversos aspectos das dificuldades enfrentadas na operação, não só em Pernambuco, mas nacionalmente. Ruim ou bom, o sistema BRT já é realidade em algumas cidades do Brasil e em algumas dezenas do mundo – modelo originado em Curitiba, há 40 anos. Mas e agora? O Brasil comprou gato por lebre? Ou não, o BRT é, de fato, eficiente?

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