Líderes do MST são mortos a tiros em acampamento na Paraíba

Antônio Assis
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Estadão

Dois militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram mortos a tiros, na noite desse sábado (8), no interior de um acampamento, no município de Alhambra, a 45 km da capital da Paraíba. De acordo com testemunhas ouvidas pela Polícia Civil, criminosos encapuzados invadiram o acampamento D. José Maria Pires, foram ao local e assassinaram os dois homens que estavam jantando.

Conforme o MST, as vítimas eram Rodrigo Celestino e José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando. Eles foram identificados pelo movimento como coordenadores do acampamento. Para o MST, este fato "evidencia o caráter de crime para intimidar a luta pela terra". Não há, até o momento, informações oficiais sobre a motivação dos crimes.

A Polícia Militar informou que realizava buscas neste domingo (9), na tentativa de prender os suspeitos. Até a tarde, ninguém tinha sido preso.

De acordo com a 1ª Companhia da PM de Alhambra, foram recolhidas no local cápsulas de espingarda calibre 16 e de revólver calibre 38. Outros acampados estavam no local, mas os tiros foram direcionados para as duas vítimas, segundo as testemunhas. A Polícia Civil informou que trata o caso como execução, pois os homens renderam os dois líderes e mandaram os outros acampados se afastarem, antes de fazer os disparos.

O acampamento fica na Fazenda Garapu, que foi ocupada pelos sem-terra em julho de 2017. Conforme o MST, as terras estavam abandonadas. Atualmente, no local vivem 450 famílias que fazem cultivo de subsistência.

Os corpos das vítimas passaram por necropsia no Instituto de Criminalística de João Pessoa. O corpo de Orlando será sepultado no município de Pari (PB), neste domingo. Ele era irmão de Odilon da Silva, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), também assassinado, há 9 anos, na Paraíba. O corpo de Celestino será sepultado na capital também neste domingo.

Em nota, o MST pediu a punição dos assassinos dos trabalhadores rurais. "Nestes tempos de angústia e de dúvidas sobre o futuro do Brasil, não podemos deixar os que detêm o poder político e econômico traçar o nosso destino. Portanto, continuamos reafirmando a luta em defesa da terra como central para garantir dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade "

Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgados em abril indicam aumento da violência no campo. Em 2017, houve 70 assassinados relacionados a disputas de terra no Brasil, o maior número desde 2003, quando houve 73 mortes. Em 2016, tinham sido registradas 61 e, no ano anterior, 50 mortes.

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