O flerte dos tucanos com Bolsonaro

Antônio Assis
0

Andrei Meireles - Blog Os Divergentes

No final dos anos 80 do século passado, o PSDB nasceu como partido de quadros qualificados. Por causa dessa fama, mesmo quando perdeu nas urnas, seu apoio foi cobiçado por vários governos. Desde o berço vive o dilema sobre participar de algumas gestões bem polêmicas. Ainda na infância, eles só não embarcaram com mala e cuia na aventura de Fernando Collor porque o ex-governador Mário Covas conseguiu barrar a adesão na undécima hora.

Por causa das indefinições nas bolas divididas, os tucanos ganharam o carimbo de partido do mudo. Fizeram por merecer. Um de seus recentes dilemas foi sobre participar ou não do governo Michel Temer após o impeachment de Dilma Rousseff. Levados por Aécio Neves, entraram com apetite. Os escândalos que atingiram em cheio Temer e Aécio geraram outra interminável e desgastante troca de bicadas — contribuiu para o preço salgado que pagaram nas urnas.

O drama dos tucano agora é em relação ao governo Jair Bolsonaro. Caciques como Fernando Henrique Cardoso e Geraldo Alckmin temem que uma parceria explícita liquide de vez o que sobrou do PSDB original. Mas é justamente essa a opção da turma liderada por João Doria que embarcou na onda conservadora e se deu bem nas urnas. Com esse cacife eleitoral, eles pretendem aproximar o partido da gestão Bolsonaro. “Essa é a orientação das pessoas de bem, sensatas, de nosso partido. O novo PSDB prega que quanto melhor, melhor. Fora do muro, fora da resistência, a favor da confiança”, defendeu João Doria nessa sexta-feira (7). Doria tem dito que para o “novo PSDB acabou o muro, não tem mais muro”.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)