40 anos de saudade: projetos visam manter viva a memória de Elis Regina

Antônio Assis
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Blog do João Alberto

No ano em que se completa quatro décadas da perda da artista, diversos projetos em sua homenagem estão engatilhados para sair do papel. Com potencial para recolocarem o nome de Elis Regina em destaque com frescor e ineditismo, três grandes projetos estão na esteira para serem lançados entre o segundo semestre deste ano e o começo de 2023. No próximo dia 19 de janeiro, quarta-feira, serão completados 40 anos desde a morte da cantora. “Quarenta anos de morte não, de saudade de Elis”, prefere dizer seu filho, João Marcello Bôscoli. Entre as novidades que devem manter viva a memória e pluralidade da cantora, estão dois produtos ligados ao audiovisual – um documentário em três episódios, a ser lançado pela HBO e outro gravado pelo produtor Roberto de Oliveira – e um personagem de quadrinhos.

O projeto da HBO vai levar o nome de Elis por João e conta com imagens de programas, shows e entrevistas que Elis concedeu para emissoras de vários países. O produtor é Marcelo Braga e direção ficou com Lea Van Steen. A progressão das cenas terá um eixo cronológico e baseado na narrativa muitas vezes emocionada de João Marcello. Imagens de Elis conseguidas por Braga a mostram em aparições nas TVs de países como Bélgica, França, Portugal, México e Alemanha.

O segundo projeto em fase de finalização, aguardado pelos fãs há anos, é também um documentário gravado pelo produtor Roberto de Oliveira durante os registros, em Los Angeles, nos Estados Unidos, do álbum Elis & Tom, lançado em 1974. Roberto tem um material bruto de 3h30 em vídeo e mais 4h em áudio guardados desde então. Agora, editados, eles estão prontos para surgir no longa-metragem Elis & Tom – Só Tinha de Ser com Você, pelo canal Arte 1. A expectativa é de que saia no segundo semestre. “Estamos na fase final, mas gostaríamos de lançar quando a pandemia estiver mais controlada para fazermos um evento presencial”, diz o produtor.

E a terceira empreitada, em uma frente inédita para os fãs da cantora, trata-se da criação do personagem Elis para história em quadrinhos, desenvolvida pelo desenhista Gustavo Duarte, 44 anos, um dos mais respeitados quadrinistas e cartunistas brasileiros, com trabalhos realizados para os estúdios internacionais Marvel e DC Comics. Com 15 anos como chargista e desenvolvendo histórias para super-heróis fictícios, como Super-Homem e Mulher Maravilha, ele tem sua primeira experiência com um personagem real. “Isso não quer dizer que eu vá fazer uma biografia de Elis, isso já fizeram. Meu papel não será o de um biógrafo. O que vou fazer será uma fantasia biográfica.” O livro, em fase de roteirização, terá cerca de 80 páginas e virá em formato europeu, como as publicações Asterix e Tintim. O autor prevê o lançamento para este segundo semestre, ou início de 2023.

A história de Elis, diz Gustavo, não será pensada para conversar só com as crianças, apesar de serem elas o primeiro alvo. A fantasia terá como gatilhos fatos conhecidos da história. A cantora criança está em 1955 ouvindo discos na sala de sua casa, em Porto Alegre, quando recebe a visita de um pássaro falante. Elis se encanta e conta ao amigo novo que, apesar de ser uma atração conhecida no programa Clube do Guri, da Rádio Farroupilha, é apenas uma menina, e o pássaro responde: mesmo sendo Elis uma criança, sua voz já encanta milhares de pessoas.

Tendo a música como fonte de harmonia, o pássaro convida Elis a conhecer um mundo especial e a conduz por um portal, abrindo a tampa do toca-discos. Elis, a partir daí, viaja por passagens curiosas, como a que encontra em uma esquina de Belo Horizonte um garoto negro de boina, Milton Nascimento, e se assusta quando os abutres, os militares que tomam o País com o golpe de 64, prendem uma alienígena que, na verdade, é uma cantora famosa a ser libertada pela pequena Elis: Rita Lee. “É uma história para que adultos e crianças que não saibam de Elis possam também entender que esse personagem e esse mundo fantástico existiram”, diz Gustavo.

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