A Reforma inevitável do Petismo - Carlos Chagas

Antônio Assis
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Como mote para a Semana Santa, vale tirar lições na história das religiões para aplicá-las à nossa realidade política. Porque as religiões, quaisquer que sejam, atingem seus momentos culminantes e mais sublimes quando necessitam competir para sobreviver. Da mesma forma, tendem à intolerância quando e onde são indiscutidas e soberanas.
O Cristianismo nasceu, conquistou adeptos e afirmou-se através do martírio de seus fiéis,  mais tarde ao enfrentar o Islã e em seguida ao ver-se atropelado pela Reforma. Três momentos, entre dezenas de outros, em que a Igreja lutou, penitenciou-se, revigorou-se e manteve sua influência. No reverso da medalha, quando absoluta, sem adversários,  mergulhou nas profundezas da Inquisição, nas fogueiras, na venda de indulgências e na intolerância teológica, esta por sinal vigente até pouco tempo.

Raciocinando do maior para o menor, se quiserem do geral para o particular, o que vem  acontecendo com o PT? O partido nasceu da indignação do proletariado e de parte  da intelectualidade, como reação a um modelo social, econômica e politicamente estagnado. Conquistou amplas camadas da população, resistiu ao conservadorismo e sustentou reformas fundamentais. Cresceu, através de sucessivas eleições, até chegar ao governo.
A partir daí, os companheiros imaginaram-se definitivos, logo passando a impor o pensamento único, donos de todas as verdades. Junto com a soberba, adotaram vícios muito parecidos com a fogueira, o nepotismo e os excessos do abuso do poder. Guardadas as proporções, copiaram práticas dos Papas da Renascença. A seu modo, encontram-se vendendo indulgências, nomeações, contratos e facilidades, empenhados em usufruir das benesses do controle nacional.
Devem precaver-se os petistas. Quanto menos sentem não haver  competição, mais intolerantes se tornam. Julgam que depois dos oito anos do Lula estão vivendo os oito  de Dilma, depois dos quais virão mais oito do Lula. Imaginam seu reinado permanente. Tivessem um pouco mais de cuidado com as lições da História e perceberiam estar avançando sobre eles  a sombra de um Lutero caboclo, disposto a reformar sua liturgia absoluta. Dividir-se-á a Cristandade, ou melhor, o petismo, diante de uma Reforma inevitável?

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