Justiça determina prisão preventiva de dono de empresa que lesou estudantes

Antônio Assis
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Luiz Filipe Freire
Folha-PE

A Justiça decretou, no início da tarde desta segunda-feira (29), a prisão preventiva de Lídio Gomes da Silva Júnior, de 50 anos. O empresário é apontado como responsável legal pela empresa W9!, que há uma semana anunciou falência, prejudicando cerca de 150 grupos de estudantesque haviam contratado os serviços da agência para a realização de festas de formatura. Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), a decisão foi do juiz Élson Zopellaro Machado, da 8ª Vara Criminal da Capital.
A solicitação havia sido feita pela Polícia Civil na última quinta-feira (25), depois que Lídio foi visto no Aeroporto Zumbi dos Palmares, em Maceió (AL). Na ocasião, os responsáveis pela investigação do caso sabiam do desembarque dele de um voo oriundo deSão Paulo, mas não puderam consumar a prisão por conta da ausência da determinação da Justiça. O empresário, então, entrou em um carro branco e partiu pela BR-104. Como a rodovia dá acesso aoInterior de Pernambuco, a Polícia não descarta que esse tenha sido seu destino.

O delegado do Consumidor, Roberto Wanderley, disse que já encaminhou o mandado para a Delegacia de Capturas. "Também passei algumas informações de lugares em que ele pode estar, levando em consideração o fato de que temos que prendê-lo hoje, porque, a partir de amanhã, somente prisões em flagrante podem acontecer por causa da proximidade das eleições", declarou. Até o fim da noite desta segunda, não havia informações de que Lídio tivesse sido detido.
Na sexta-feira (26), o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-PE) havia deferido uma liminar bloqueando as contas bancárias mantidas nos nomes de Lídio Gomes e de outra sócia da empresa, identificada como Adriana Karla Diniz Alves Cosme. Além disso, também foi determinado o rastreamento dos veículos dos envolvidos junto ao Detran-PE. Esses bens e imóveis no Recife e em Natal (RN) devem ser penhorados.
A liminar foi deferida pela juíza da 18ª Vara do Trabalho, Solange Moura, após solicitação do Ministério Público do Trabalho em Pernambuco (MPT-PE). O pedido foi representado pelos procuradores do Trabalho Janine Miranda, José Laízio e Waldir Bitu. O objetivo do bloqueio, que é de até R$ 2 milhões, é assegurar futuras execuções trabalhistas, já que, além dos alunos lesados, os funcionários da agênciatambém foram prejudicados. Segundo o MPT-PE, eles não receberam o pagamento dos salários atrasados, verbas indenizatórias, décimo terceiro e FGTS. Alguns trabalhadores sequer tinham registro na Carteira de Trabalho.
O caso
A hipótese de estelionato não está descartada, visto que, após o envio de um e-mail para os estudantes informando sobre o fechamento da empresa, na última segunda-feira (21), Lídio não se apresentou às autoridades. Segundo a Delegacia do Consumidor, o prejuízo dos alunos pode chegar a R$ 10 milhões. A agência continua de portas fechadas e o endereço residencial do dono da empresa é falso.

Desde que o caso veio à tona, centenas de estudantes procuraram o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri) com o objetivo de denunciar a empresa. Até agora, cerca de 150 comissões de formaturas de diversas instituições de ensino superior do Estado já fizeram queixas. Um grupo de formandos realizou um protesto, na tarde desta segunda-feira. O evento foi marcado pelas redes sociais. Os universitários seguiram da Praça do Derby até a Delegacia do Consumidor com faixas e cartazes com frases de repúdio ao calote dado pela agência.

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